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Com o tema “Um debate sobre transição energética”, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) realizou nesta quarta-feira (26.08), às 18h, mais uma edição do webinar “Fora de Hora”, abordando perspectivas e desafios de empresas e governos para propiciar acesso da sociedade a uma matriz energética de base renovável e mais sustentável, nos próximos anos. Esse cenário, que se tornou mais presente na indústria de óleo e gás na última década, também considerou os impactos da pandemia do Covid-19 no avanço de políticas públicas e modelos de negócio, e mostrou a visão dos jovens talentos do mercado.

O vídeo completo está disponível aqui.

Gabriel Freitas, vice-coordenador do Comitê Jovem do IBP e consultor de negócios da Accenture, foi o convidado desta edição. Para ele, a discussão sobre transição energética está em convergência não só com os anseios da sociedade brasileira, mas também com a perspectiva de se alcançarem as metas da agenda de sustentabilidade da ONU, na orientação de investimentos e inovações dos players no Brasil e no exterior, e com as ações implementadas pelo Governo Federal neste campo.

Inicialmente, Gabriel fez um panorama histórico com outras mudanças estruturais de longo prazo (50 a 100 anos) nos sistemas de energia predominantes no mercado, como da lenha para o carvão e deste para o petróleo. “Isso não é novo na sociedade. Mas hoje temos um processo global que inclui energias renováveis – nuclear, solar, eólica, hidrelétrica, de hidrogênio etc. -, sem esquecer do gás natural e outros combustíveis fósseis”, explicou, citando o caso da Califórnia (EUA) como exemplo de política de governo que avançou rapidamente na adoção de uma matriz mais limpa, mas que sofreu “apagões” por não planejar um backup seguro do fornecimento, com energias de base não intermitentes.

Segundo ele, a velocidade dessa transição dependerá basicamente de dois drivers: demanda futura por energia e custos associados. Mas as empresas de O&G já estão avaliando riscos em seu portfólio (produção, reservas, eficiência), oportunidades (investimentos estratégicos, em P&D), além da estrutura de governança e metas de emissão, entre outros fatores, para repensar seus modelos de negócio. “A tendência é que  alguns dos líderes globais passem de IOC´s para se posicionar como IEC´s (International Energy Companies). E as empresas europeias estão avançando mais rápido na transição energética, até atrelando suas políticas de remuneração à resultados de ESG (sigla em inglês para Environmental, Social, and Corporate Governance).”, lembrou Gabriel.

E como os novos profissionais – especialmente da Geração Z e Millenials – veem essa situação? Segundo pesquisa do Instituto Anga apresentada pelo palestrante, eles estão divididos sobre o modelo atual da indústria, como sendo capaz de gerar empregos e se manter no futuro. “Eles buscam propósito no trabalho, na liderança e na empresa como meio de fazer a diferença na sociedade, de maneira consistente e com visão clara de seus impactos”.

Para Gabriel, o jovem tem um papel de liderança (game changer) no processo de transição energética, seja trazendo uma visão de compartilhar valor da organização entre os stakeholders, de pensar o futuro num ambiente de mudança constante ou de buscar a chamada consciência fractal, que é a identificação de padrões entre sistemas simples e complexos.

“As empresas de O&G estão buscando oportunidades e o seu espaço na indústria de renováveis. A discussão foi alanvacada principalmente depois do Acordo de Paris na COP21, com o surgimento de modelos de negócios disruptivos e pela nova visão dos consumidores com o passar dos anos. A questão para as empresas é: qual o modelo de negócio que a empresa deseja focar para ter retorno dos seus investimentos?” provocou Freitas.

Finalmente, ele explicou que a atual pandemia do Covid-19 trouxe um mundo de incertezas para a economia global e uma forte queda no consumo de energia prevista para 2020, o que pode atrasar temporariamente os planos de investimentos. Governos e também as empresas terão que repensar suas ações considerando, por exemplo, a Agenda 2030, que contempla em um dos seus objetivos o “acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos”.

A próxima edição do “Fora de Hora”, sobre Sustentabilidade na Indústria de O&G, está marcada para 30.09. As inscrições podem ser feitas aqui.