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Uma das maiores feiras de tecnologia offshore no setor de óleo e gás do mundo tem aumento de 40% no número de participantes

A edição deste ano da OTC Brasil recebeu, de 24 a 26 de outubro, 21 mil participantes, um aumento de 40% em relação à edição anterior, realizada em 2019. Ao todo, a conferência reuniu pessoas de 69 países, 114 palestrantes e mais de 180 expositores nos três dias de evento.

Brasil na liderança da transição energética

O último dia do evento reforçou a visão do mercado sobre o papel de destaque do Brasil no processo de transição energética. No painel de encerramento, moderado por Roberto Ardenghy, presidente do IBP, o Chairman da OTC Brasil, Juliano de Carvalho Dantas, pontuou a capacidade de o país contribuir para a transição global. “Temos muitas formas de ajudar com a diversidade de fontes. Mas temos também muitos desafios, como integrar as diferentes matrizes energéticas”.

Wafik Beydoun, Director Americas, da Associação Internacional de Produtores de Óleo e Gás, afirmou que o Brasil está pronto para liderar o processo de transição. “Com certeza, o Brasil está mais que pronto para a transição energética em razão do seu perfil com grande conteúdo de energia renovável”.

Já José Firmo, CEO do Porto do Açu, mostrou que o desafio atual se encontra em viabilizar um modelo de integração de negócios para baixo carbono alinhado a custos competitivos. “Precisamos também criar ecossistemas para usar essas energias renováveis como um veículo para industrialização da economia”.

O diretor de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, Carlos Travassos, acredita que a transição energética se viabiliza com investimentos em infraestrutura, educação, criação de arcabouços regulatórios e inovação.

Angelica Ruiz, Head of Country da bp Brazil, colocou o Brasil em destaque na transição energética para a empresa. “Vemos o Brasil como um mix de oportunidades para a bp. O país possui um petróleo com baixa intensidade de carbono, energias renováveis”.

Brasil, Guiana e Moçambique despontam como gigantes energéticos até 2035

“Quem pensava que Moçambique, Guiana e Brasil estariam hoje na posição de gigantes do offshore? Guiana é um caso emblemático. Nos últimos cinco anos, a produção disparou para 400.000 barris/dia”, destacou Nelson Narciso, Presidente da NNF Energy Consultoria, que participou do painel “Emerging Offshore Giants to Meet Energy Global Demand”,

Na lista de 2022 dos Top 15 produtores offshore, o Brasil figura na segunda posição. A Guiana, que aparece na lista em 17º lugar, saltará para a 4ª posição em 2035, segundo a consultoria Rystad Energy. Até 2050, o mundo terá uma demanda adicional de óleo e gás, porém, a janela para a exploração começa a se fechar, por causa da urgência da transição energética e busca por fontes de energia mais sustentáveis e limpas. “O Brasil ocupa uma posição privilegiada por ter um mix energético mais diversificado e competitivo, com menores emissões de carbono na indústria”, afirmou Daniel Lepper, Chefe de Pesquisa Global da consultoria Rystad Energy.

Ambiente regulatório necessário para estimular produção

Atualmente o 9º maior produtor de petróleo no mundo, o Brasil tem potencial para chegar à 5ª colocação no ranking global nos próximos dez anos. Para isso, é preciso criar um ambiente regulatório que atenda às necessidades distintas do setor e estimule a atração de novos investimentos, avaliou o CEO da Enauta, Décio Oddone.

“Se queremos aumentar reservas e continuar produzindo, temos que encarar os desafios que se impõem para fazer com que a exploração aumente e outras áreas possam ser aproveitadas. Precisamos de um conjunto de medidas que ajudem a criar um ambiente favorável aos negócios e atração de investimentos”, afirmou o executivo.

Papel da ANP

Em painel celebrando seus 25 anos, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) trouxe o debate sobre a cláusula de investimentos em pesquisa e desenvolvimento nos contratos de exploração e produção de petróleo e gás. Todos os participantes do debate destacaram que a cláusula tem garantido o desenvolvimento de novas tecnologias que vão além de exploração e produção. “Estamos focando em investimentos que comportem também energia renováveis, hidrogênio verde e descarbonização. Em 2022, foram mais de US$ 1bilhão investidos em pesquisa e desenvolvimento”, reforçou Daniel Maia, Diretor da ANP.

A ANP ainda promoveu o XI Workshop de Segurança Operacional e Meio Ambiente (SOMA), que apresentou a análise de desempenho de segurança operacional das atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural, conforme o Relatório Anual de Segurança Operacional de 2022.

Marco regulatório de CCUS é fundamental

O painel “CCUS e Iniciativas para alcançar o Net Zero” abordou a importância do marco regulatório da atividade para preparar o setor de Óleo e Gás para o Net Zero. “Em uma estimativa otimista, o potencial de receita para o Brasil com CCUS é de U$ 20 bilhões por ano. Para desenvolver esse mercado e ter esses investimentos, é fundamental termos o marco regulatório”, afirmou Nathália Weber, cofundadora da CCS Brasil.

Impactos da transição energética no setor offshore até 2050 ainda são incertos

A dimensão dos impactos para a indústria de energia até 2050 ainda é uma incógnita, apesar de tanto se falar sobre transição energética. “Porém, há uma certeza: a energia solar e a eólica terão um papel mais significativo no futuro, na medida em que aumenta a eletrificação do consumo final de energia”, disse Clarissa Lins, sócia fundadora da consultoria Catavento, no painel “Global Energy Scenarios: Impacts for the Offshore Industry”.  Segundo Lins, apenas em 2023, os investimentos em energias renováveis no mundo devem somar US$ 1,8 trilhão, sendo US$ 770 bilhões em países emergentes, destes 3/4 estão sendo feitos em três países – China, Brasil e Índia.

Rafaela Guedes, Senior Fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), disse que as fontes renováveis vão crescer em todos os cenários, excedendo em 70% a demanda primária, que vai saltar de 268Mtoe para 400 MToe.

Inovathon iUP

A final do Inovathon iUP, competição entre estudantes promovida pelo hub do IBP com foco na inovação da indústria de energia, premiou com R$ 15 mil a equipe ZeroNova, que criou a solução fix2zero, uma planta híbrida de metanol verde que utiliza CO2 da indústria de biomassa para produzir metanol para navios.

Melissa Fernandez, gerente de tecnologia e inovação do IBP, ressaltou que só 20 de 80 estudantes inscritos chegaram ao final da competição. “Foram quatro grupos finalistas que caminharam até aqui com capacitação, conhecendo portfólios diversificados das grandes empresas. Acho que o diferencial do vencedor foi o engajamento”, disse.

Descomissionamento demanda práticas cada vez mais sustentáveis

A adoção de práticas mais sustentáveis é uma urgência no descomissionamento de navios e plataformas e na destinação final dessas estruturas. Dados da IOGP (International Association of Oil and Gas Producers) indicam que, até 2030, serão investidos globalmente US$ 100 milhões na atividade. Apesar do avanço tecnológico dos últimos anos, os desafios na destinação desses equipamentos permanecem.

Panorama geral do setor de óleo e gás

O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, ainda fez uma apresentação no estande do Instituto sobre o setor de óleo e gás no Brasil no contexto da segurança e da transição energéticas. Confira aqui a apresentação completa.

Distinguished Achievement Awards Ceremony

No encerramento da OTC Brasil 2023 foi realizada a cerimônia de premiação das mais recentes e relevantes inovação do setor. As petroleiras Petrobras e Enauta foram reconhecidas por projetos inovadores que vem desenvolvendo no mercado brasileiro de óleo e gás.

OTC Brasil 2023 conta com o patrocínio master da Petrobras; o patrocínio platinum da Shell e TotalEnergies; o patrocínio ouro da Ambipar, da bp, da Chevron, da Equinor, da ExxonMobil, da Prio e da RepsolSinopec Brasil; o patrocínio prata da Enauta, do Porto do Açu e da TechnipFMC; o patrocínio bronze da Corio Generation, da Perbras, da SBM Offshore, da Tenaris, da Tivit, da Quorum Software e da OceanPact; o patrocínio da Decarbonization & Technology Arena da Radix, da ASME, da TESS, da GE, da Huisman, da Innovation Norway, da PPSA, da Bratecc, da Shape e da Wams; apoio como operadora aérea oficial da United Airlines; a parceria oficial de compensação de carbono da AMBIFY; a ApexBrasil como parceira de Negócios Internacionais; a Blumar como agência de turismo oficial; a B&T como corretora de câmbio oficial; e parceiros como Abimaq, Brazil-Texas Chamber of Commerce, RedePetro ES, SPE UNIFEI e Norwegian Energy Partners. Além disso, o evento conta ainda com o apoio do Governo Federal.