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Segundo especialistas, crise atual potencializou fragilidades, e riscos para equipamentos industriais (OT)

não podem ser negligenciados

Os ataques cibernéticos contra empresas vêm crescendo exponencialmente durante a pandemia de Covid-19, até pela fragilidade de ambientes de home office. E a indústria de O&G precisa reforçar protocolos e soluções de segurança à altura dessas ameaças digitais para proteger, por exemplo, sistemas industriais em rede (OT), potencialmente críticos. Esse foi o tema do segundo webinar da série TECHTerça, de palestras abertas ao público, online e ao vivo, promovido ontem (09.06) pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). O conteúdo na íntegra está disponível aqui.

Com introdução da gerente de Tecnologia e Inovação do IBP, Melissa Fernandez, e moderação de Edilbert Silva, gerente de TI da BP, a conversa virtual reuniu Guilherme Neves, Diretor de Cyber Security da ISA; Carlos Tunes, Executivo de Desenvolvimento de Negócios da IBM; e Henrique Paiva, Diretor de Relações Governamentais da Siemens.

Em sua fala, Edilbert Silva lembrou que os desafios de segurança de TI se multiplicaram na chamada indústria 4.0, com várias plantas industriais conectadas em rede. “É preciso uma reflexão sobre o momento atual e discutir como tecnologia e inovação podem contribuir para o futuro da indústria”.

Carlos Tunes, da IBM, mostrou dados sobre o crescimento dos ciberataques, que ameaçam 21 bilhões de dispositivos conectados e causam perdas de até US$ 6 trilhões anuais. Aliás, em 76% dos ataques – como phishing e ransonware – o objetivo é financeiro. Mas os prejuízos também podem incluir a perda e exposição de dados corporativos e a inatividade de cadeias de suprimento integradas. “A pandemia é a tempestade perfeita para ciberataques. As quadrilhas exploram as falhas das pessoas no ambiente de home office”, diz. Ele lembrou que não é uma questão de “se” a empresa sofrerá ataque, mas de quão rápido ela pode responder. “A prevenção inclui sistemas de segurança estruturados, inteligência central e artificial, integração entre empresas sobre processos e informações para se adaptarem”.

Já Guilherme Neves falou sobre impactos em infraestruturas críticas, mostrando diversos cases relevantes e recentes em plataformas de petróleo, usinas elétricas e nucleares, indústrias químicas e redes de gás natural. “Ataques a sistemas de OT podem colocar em risco pessoas, a planta, o meio ambiente, as finanças e a imagem. O gestor não pode ser negligente, precisa pensar em segurança desde o projeto, passando por todo o ciclo de vida do ativo, até seu descomissionamento”. Apesar da evidente importância do tema, ele considera que ainda são baixos o conhecimento e a cultura sobre o assunto. “A maioria dos projetos não contempla a preocupação com os ciberataques, com a vulnerabilidade dos sistemas”.

Para Henrique Paiva, a digitalização da economia trouxe oportunidades e riscos, que deverão ser potencializados pela tecnologia 5G. “Segurança cibernética é o novo climate change, e com uma velocidade exponencial”, afirmou. Ele apresentou o projeto internacional “Charter of Trust”, no qual grandes empresas compartilham informações, protocolos e reports sobre ataques, e advogam por dez princípios globais de atuação. “Os objetivos são proteger dados de indivíduos e companhias; evitar danos; e criar uma base segura para o crescimento de um mundo digital”.

A TECHTerça foi lançada pelo IBP em 2019, com o intuito de discutir e compreender em qual estágio se encontram a tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação aplicados à indústria de óleo & gás e as tendências que construirão o futuro do setor. O projeto teve reestreia em maio e, nos próximos meses, os webinares abordarão outros tópicos relevantes para o setor, como convergência OT&IT, Inteligência Artificial e IoT.