Notícias

No Seminário de Gás Natural, do IBP, vice-presidente da International Gas Union, Andreas Stegher, defende mix com fontes de energia renovável para garantir a entrega de energia 24h por dia e de forma flexível e segura

“O gás natural é essencial para garantir segurança energética para o desenvolvimento global e para melhorar a vida das pessoas”. Com esta mensagem, o vice-presidente da Associação Internacional de Gás (International Gas Union – IGU), Andreas Stegher, defendeu nesta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, durante o Seminário de Gás Natural, do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o gás natural como estratégico no processo de evolução energética, em um mix com fontes de energia renovável para assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível para todos.

“A disponibilidade de renováveis está aumentando no mundo e isso é bom. Mas, temos que entregar energia 24h por dia e de forma flexível e segura. Por isso, o gás natural é um combustível essencial para o setor de energia no contexto da transição”, disse o executivo da associação que representa 90% do consumo de gás no mundo em cerca de 70 países. Stegher vai assumir a presidência da IGU este mês, na Conferência Mundial de Gás, que acontece de 19 a 23 de maio, em Beijing, na China.

O executivo destacou a importância de reconhecer as especificidades regionais para o desenvolvimento do mercado global de gás e nas estratégias de descarbonização. “Acho que a indústria brasileira está em um ótimo caminho e há formas de seguir adiante. Precisamos de mais investimentos no médio e longo prazo, e para isso acontecer precisamos estabilidade e previsibilidade das regras e de suporte financeiro”, observou Stegher. “Estamos ainda numa indústria, onde há declínio natural da produção. Se não investir em nova oferta, há risco de queda de oferta enquanto a demanda continuará aumentando”, completou.

Nesse contexto, o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, e a Sylvie D’Apote, diretora executiva de Gás Natural do IBP, destacaram a agenda do evento como uma oportunidade para avançar no desenvolvimento do setor de gás no Brasil. “O crescimento do evento acompanha a evolução do mercado no Brasil. Esse evento tem mais de 40 anos. 10 anos atrás tínhamos menos de 200 pessoas. Agora, são mais de 800 participantes e 67 palestrantes do Brasil e do mundo que trazem uma visão bem ampla sobre o mercado”, disse Ardenghy. “Aumentou também a presença feminina. Na última edição, quase metade do público foram mulheres. É um sinal dos tempos”, observou Sylvie.

Marcio Guimaraes, diretor de Dutos e Terminais da Transpetro, ressaltou que o trabalho vem sendo realizado nas últimas décadas e envolve diferentes atores, incluindo órgãos reguladores, fiscalizadores. Para o executivo, o acesso à infraestrutura da Petrobras tem contribuído para o crescimento do mercado que está cada vez mais dinâmico, trazendo oportunidades para diversos agentes. “Quanto mais integrada for a malha, mais eficiente tende a ser. Precisamos nos conectar, ser mais complementares em vez de competidores”, afirmou.

Oferta de gás natural

Segundo Álvaro Tupiassu, gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, os projetos como Rota 3, Raia e SEAP (Sergipe Águas Profundas) vão ampliar a oferta nacional e reduzir as importações. “Além disso, hoje temos diversificação de agentes, tanto na oferta como na demanda, o que ajuda a desenvolver novos contratos”, disse ele, no painel ‘Crescimento da oferta nacional de gás natural: perspectivas e desafios’, que reuniu também executivos da Equinor, PRIO e Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP).

“É importante dar continuidade à agenda regulatória e ter uma agência forte que consiga implantar essa agenda. Ter mais agentes é necessário para um mercado mais competitivo”, afirmou Claudia Brun, vice-presidente de Novas Cadeias de Valor da Equinor, que lidera a operação do projeto Raia. Já o gerente de Trading e Shipping da PRIO, Gustavo Hooper, destacou o investimento no campo de Wahoo. “É o nosso primeiro investimento em exploração e o projeto terá um conteúdo significativo de gás. Estamos investindo em torno de US$ 5 bilhões”, completou.

Marcio Felix, presidente da ABPIP, chamou a atenção para a diversidade de produção de gás onshore no país e o crescimento previsto para os próximos anos. “Temos a previsão de uma produção de gás natural em 2028 de 29 milhões de metros cúbicos, quase uma Bolívia em terra”.

Vaca Muerta: exportação de 27 milhões m³ de GNL por dia até 2028

No Painel “Competitividade das novas fontes de gás natural importado: Argentina e GNL”, o diretor geral da Pan American Energy, Alejandro Dupuy, disse que a empresa já tem um projeto de dois navios para liquefação e exportação de GNL para comercializar o gás de Vaca Muerta, na Argentina, para o restante do mundo, com capacidade que pode alcançar 6 milhões de toneladas anuais equivalentes a 27 milhões de m3/dia até 2028. Outros quatro navios estão no pipeline da companhia no longo para exportação de GNL provenientes do gás de Vaca Muerta.

Segundo Marisa Basualdo, gerente jurídica de negócios da TotalEnergies Gas para o Cone Sul, pioneira em trazer o gás de Vaca Muerta para o Brasil, o processo de viabilização do negócio levou mais de 1 ano e meio. “Foram conversas com autoridades e todos os elos do setor para licenciamento e promoção de workshops com análise de ambientes regulatórios”, explicou ela.

Edson Real, diretor comercial da New Fortress Energy, comentou que é fundamental analisar algumas variáveis, como preço e disponibilidade do gás natural, para alcançar uma demanda firme e integrar toda região do continente com o gás de Vaca Muerta. Angélica Laureano, diretora presidente da TBG, destacou que o movimento de migração para o mercado livre foi um incentivo adicional para a entrada de novos fornecedores nos últimos quatro anos para o segmento de gás natural.

O Seminário de Gás Natural 2025 é patrocinado pela Petrobras, Equinor, Galp, Origem, Shell Energy, NTS, PanAmerican Energy, Prio, Repsol Sinopec Brasil, TAG, TBG, TotalEnergies, Eneva, Naturgy, Edge, Faveret, Machado Meyer, New Fortress Energy, além da participação do Governo Federal. O evento ainda conta com os seguintes parceiros de mídia: eixos, Petro&Química e Tn Petróleo.