Na última quinta-feira, 24 de julho, o IBP promoveu um evento especial em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas Afrodescendentes, reunindo representantes da indústria, do governo, da academia e da sociedade civil para refletir sobre os desafios e avanços na pauta racial no setor de energia.
A abertura do evento contou com a participação de Roberto Ardenghy, presidente do IBP, que destacou o papel transformador das empresas na construção de uma sociedade mais justa. “Se conseguimos contratar muita gente, gerar empregos, pagar impostos e movimentar a economia, também temos a responsabilidade de sermos agentes de transformação social. O compromisso com a diversidade precisa estar arraigado na política das empresas”, afirmou.
Em seguida, Denise Santos, Líder de Excelência em Cadeia de Suprimentos e Fundadora da B Power, Rede de Equidade Racial da Shell Brasil, falou sobre os desafios enfrentados por mulheres negras no ambiente corporativo e na sociedade. “O sonho de uma mulher negra é mais difícil de realizar. A gente precisa falar disso, ocupar espaços e mostrar que somos protagonistas da nossa história”, declarou Denise em um dos discursos mais emocionantes do dia.
Em uma fala emocionada, Nelson Narciso, embaixador do ZIGA e presidente do Comitê Organizador da ROG.e 2026, reforçou a importância da equidade como pilar central da transição energética. “Ter mulheres negras em posições de liderança não é favor, é correção histórica. Precisamos garantir oportunidades reais para que todos possam se apresentar, crescer e contribuir.”
O encontro marcou o relançamento do Programa de Diversidade Racial ZIGA, com novas frentes voltadas à inclusão de profissionais negros na cadeia de petróleo e gás. A programação seguiu com uma edição especial do Café Literário, com a autora Fabiane Gonçalves e a coautora Viviane Severiano, do livro Quando o Racismo Bate à Porta, e mediação de Denise Santos, líder de excelência em Supply Chain na Shell Brasil e fundadora da rede BPower. O momento foi dedicado à escuta sensível e ao compartilhamento de vivências, destacando o impacto das microagressões e da sub-representação de mulheres negras em ambientes corporativos.
Na sequência, o painel “ODS 18 e o Setor Energético: Igualdade Étnico-Racial no Contexto da Evolução Energética Justa” reuniu Taís Machado do Ministério da Igualdade Racial, Emanuela Santos da Petrobras e Karen Cubas, Gerente da UnIBP, com moderação de Mônica Brito da TotalEnergies. As participantes debateram como a equidade racial pode ser incorporada de forma estratégica às práticas ESG e às políticas empresariais, conectando justiça social à transição energética.
O evento também celebrou histórias que inspiram: o Prêmio IBP Mulheres Afrodescendentes na Ciência reconheceu trajetórias de excelência na área de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Na categoria Projetos Inspiradores, o destaque foi o projeto Mulheres Negras Fazendo Ciência, desenvolvido pelo CEFET-RJ (campus Maria da Graça) em parceria com a UFRJ. Já na categoria Mulheres Inspiradoras, a homenageada foi a física Sonia Guimarães, primeira mulher negra doutora no Brasil e primeira professora do ITA — marcos históricos conquistados em uma época de pouquíssimo acesso para mulheres negras em instituições de elite.
Para Karen Cubas, gerente da UnIBP, a realização do evento representa um marco de representatividade. “Celebramos mulheres e meninas afrodescendentes reconhecendo suas contribuições em áreas onde ainda somos sub-representadas. Iniciativas como essa são essenciais para a construção de uma indústria mais justa, diversa e sustentável.”
Durante todo o evento, o público também pôde conhecer publicações da editora Oficina Raquel, com títulos voltados à temática racial e protagonismo negro. Com esse encontro, o IBP reafirma seu compromisso com a diversidade, a inclusão e a promoção de uma indústria mais representativa e alinhada aos desafios sociais contemporâneos.