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Em 08 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Com origem em diversos movimentos do início do século XX, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 70 e, hoje, faz parte do calendário de diversos países, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.

E a data mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido. De acordo com o relatório o relatório Women, Business, and the Law, divulgado pelo Banco Mundial, as mulheres desfrutam de menos de dois terços dos direitos dos homens[1].

No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o nível de ocupação dos homens alcançou 66,3%, contra 46,3% para as mulheres[2]. A população ocupada de cor ou raça branca ganhava, em média, 64,2% mais do que a de cor ou raça preta ou parda, e os homens, 27,0% mais que as mulheres[3].

E no mercado de petróleo, gás e energia?

De acordo com dados de 2019, as mulheres estão sub-representadas no setor de energia. Apesar de representarem 39% do emprego global, elas correspondem apenas a 16% dos setores de energia tradicionais capturados em classificações de trabalho dedicadas[4]. Confira outros indicadores do cenário:

– Assim como no emprego em geral, as mulheres representam uma parcela muito pequena da alta administração no setor de energia, cerca de 14% em média. No entanto, há uma variação substancial entre os setores de energia, com as porcentagens mais baixas encontradas na energia nuclear e carvão, com 8% e 9%, respectivamente, enquanto as empresas de serviços públicos elétricos estão entre as mais altas, com quase 20%. Isso se compara a 16% de mulheres na alta administração em toda a economia[5].

– Numerosos estudos mostram que uma melhor diversidade melhora o desempenho das empresas, a competitividade a longo prazo e a maior inovação, todos contribuindo para os avanços necessários no setor de energia para atingir as metas globais de mudança[6].

A presença de mulheres empregadas na indústria mundial de petróleo e gás tem se mantido estagnada em 22% nos últimos cinco anos, o que, em comparação com outras indústrias, é um dos níveis mais baixos de emprego feminino (IOGP, 2023).

– Num contexto mundial, as posições de nível básico são compostas por 27% de mulheres; cargos de alto escalão e executivos por 17%; e apenas 1% dos CEOs de empresas de petróleo e gás são mulheres (IOGP, 2023).

– No setor de O&G em nível global, homens ocupam mais de quatro quintos dos cargos de tomada de decisão de alto escalão e executivos, aumentando o risco de que a falta de compreensão em relação às barreiras reais enfrentadas possa prejudicar negativamente as perspectivas de avanço das mulheres (IOGP, 2023).

Agenda ESG como aliada

Nos últimos anos, o fortalecimento da agenda ESG (sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança) impulsionou as pautas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) como aliadas do combate às desigualdades.

Sendo representante institucional do setor de petróleo e gás, o IBP – que, hoje, tem cerca de 60% do seu quadro de colaboradores composto por mulheres e 51% de lideranças femininas – criou, em 2018, sua Comissão de Diversidade, com o objetivo inicial de estimular a participação da alta gestão na inclusão de ações e de políticas voltadas para DE&I na indústria.

No âmbito do grupo, foi desenvolvido, em 2019, o Programa de Mentoria de Liderança Feminina, que, atualmente, é gerenciado pela Universidade do Setor de Petróleo e Gás (UnIBP). A iniciativa, exclusiva para empresas associadas ao Instituto, visa potencializar as competências de mulheres em posição de liderança da indústria de óleo e gás para que alcancem postos de gestão ainda mais elevados.

Além de ter uma temática focada em questões de gênero, o programa – que está com inscrições abertas para a 7ª turma – contempla uma ampla abordagem sobre ESG e já teve a participação de cerca de 308 executivas de 43 empresas.  Em 2023, ele foi indicado na categoria “Gênero e Inclusão” do Prêmio de Excelência do 24º Congresso Mundial de Petróleo (24th WPC), concedido pela organização WPC Energy.

Desde o ano passado, a Comissão de Diversidade abarca também um Grupo de Trabalho de Gênero, espaço de discussões, de compartilhamento de boas práticas e de desenvolvimento de iniciativas e de produtos voltados para o debate sobre os impactos do gênero na construção de carreiras e na indústria de O&G como um todo.

[1] Gap de gênero no mercado de trabalho é maior do que se estimava, diz Banco Mundial. Disponível em: https://epbr.com.br/gap-de-genero-no-mercado-de-trabalho-e-maior-do-que-se-estimava-diz-banco-mundial/

[2] Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2023 / IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102052.pdf

[3] Idem

[4] AIE (2023). World Energy Employment. https://www.iea.org/reports/world-energy-employment.

[5] Idem

[6] Idem