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A 20ª edição do Seminário promovido pelo IBP recebeu 740 participantes e 55 palestrantes nos dias 10 e 11 de maio

O Seminário de Gás Natural do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) encerrou as rodadas de debates nesta quinta-feira (11/5) destacando o papel do gás natural na descarbonização da matriz energética brasileira. Como passo para estreitar o desenvolvimento de novas rotas e negócios no mercado de gás, o IBP assinou um acordo de cooperação com a ABiogás.

Gabriel Kropsch, Diretor Executivo da ABiogás, ressaltou a importância de unir esforços com a indústria de óleo e gás “com o objetivo de produzir mais informação e conhecimento, atrair novos atores e os jovens para estimular o debate sobre novas aplicações do gás no mercado”.

Sobre a participação do gás natural na transição energética e o uso nos setores industriais, Fabricio Assis, Gerente Geral de Produção de Gusa e Energia da ArcelorMittal Tubarão, citou como exemplo a meta da empresa em ser líder em redução de emissões. Para isso, a companhia aposta na melhoria da eficiência e na substituição de combustíveis. “Vimos que o gás poderia ser usado em alguns processos produtivos, primeiro pensando em melhorar nossa eficiência e segundo como parte da nossa estratégia de descarbonização. Já usamos o gás como combustível, substituindo o carvão e o coque de carvão para o aquecimento dos alto fornos”.

Viviana Coelho, Gerente Executiva de Mudanças Climática da Petrobras, disse que a melhor trajetória de descarbonização é a que a custa menos para o consumidor. “Metade da descarbonização já é econômica ou perto de ser econômica. Estamos fazendo nosso papel. A Petrobras diminuiu 39% de suas emissões operacionais desde 2015, reduzindo o “flare” e aumentando a eficiência. Essa é uma das maiores jornadas de redução de emissão da indústria”, revelou.

Pablo Ignácio Ferragut Varela, diretor da ARPEL, instituição internacional que representa as empresas de óleo, gás e energias renováveis da América Latina e Caribe, enfatizou que existem na região muitas oportunidades para a descarbonização no setor de transporte rodoviário, que hoje é um dos setores mais difíceis de se abater emissões de gases de efeito estufa, e o uso do gás é uma delas.

Gabriel Kropsch, da ABiogás, acredita no biometano como uma componente importante do desenvolvimento do mercado de gás natural e para a redução de emissões. “O biogás é uma possibilidade para o transporte de ônibus e caminhões, substituindo parte da frota de diesel, por exemplo. O biometano é o combustível do presente. Até 2027 teremos mais 60 unidades de produção, alcançando 7 milhões de metros cúbicos por dia. Nossa meta é chegar a uma produção de biometano de 30 milhões de metros cúbicos por dia em 2030”.

Para Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do IBP, o Brasil tem uma vantagem competitiva enorme por ter uma matriz energética limpa em comparação com outros países. “O Brasil já fez a transição. Ocupamos um lugar que outros países estão gastando bilhões de dólares para chegar”.

Brad Crabtree, vice-secretário do Departamento de Energia dos Estados Unidos, destacou no Seminário as ações e iniciativas que os países têm tomado para promover a transição energética de forma eficiente e ressaltou a importância do Brasil neste processo, especialmente pela experiência em projetos de captura de carbono. “Estou bem otimista com as ações que vejo no Brasil, os esforços empenhados na busca por soluções sustentáveis, e acredito que o país tem todas as ferramentas necessárias para ser líder em captura de carbono”.

Novos paradigmas para o mercado internacional e regional de gás

A mesa sobre o “Mercado internacional, GNL e integração regional” abordou a exportação do gás boliviano, as possibilidades de exportações da Argentina para o Brasil, o papel do GNL no mercado brasileiro e a integração regional via dutos ou via GNL. De acordo com a moderadora do painel, Gabriela Aguilar, Gerente General Argentina e Vice-presidente LATAM da Excelerate Energy, “precisamos debater sobre o papel da infraestrutura regional, qual vai ser o novo papel do gás natural regional e do GNL, no contexto das mudanças de paradigma do mercado internacional e olharmos as oportunidades que temos no futuro”.

Segundo Victor Raposo, Global Head de Gás e GNL da Galp, após os impactos da pandemia e da guerra entre Ucrânia e Rússia no mercado global de gás, é preciso olhar para o futuro. “O apetite da Europa para o GNL é importante, a correlação do mercado europeu com o mercado de GNL é forte e isso deverá continuar por algum tempo. Precisamos ficar atentos à evolução da demanda de gás na Ásia, principalmente na China, que cresceu muito depois do lockdown. E é importante lembrar que temos desafios de segurança, econômicos, regulatórios para resolver”.

Andrés Sannazzaro, gerente de comercialização de gás da Repsol Sinopec Brasil, comentou sobre a integração da Argentina e Brasil por dutos ou via mercado de GNL. “Vou usar uma comparação, usando os gasodutos e as pontes. Os gasodutos, assim como as pontes, são uma maneira de integrar. Mas, para essas pontes serem feitas, precisamos de bom senso e de discutir se o gás da Argentina será para o consumo doméstico, se ele será exportado através de GNL ou para o Brasil através de dutos”, pontuou Andrés.

Alvaro Rios, sócio-diretor da Consultoria Gas Energy Latin America (GELA), disse que, diante do declínio da produção de gás na Bolívia, a solução é a integração entre Argentina e Bolívia por meio do uso da infraestrutura já existente. “Estimo que até 2028 ou 2029, a Bolívia começará a importar gás da Argentina, que tem na rica região de Vaca Muerta muitos agentes, baixos custos de produção e capacidade de rápido incremento de produção”, explicou Alvaro. Ele ressaltou que o gás argentino pode vir a ser exportado para o Brasil via a Bolívia, usando gasodutos existentes, o que seria mais eficiente que construir novos gasodutos que conectem diretamente a Argentina com o Brasil.

As vantagens do mercado brasileiro diante de uma integração entre países da América do Sul, como Argentina, Bolívia e Brasil, foram destacadas por Jorge Hijjar, Diretor Comercial da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG). “A Argentina precisa ampliar sua capacidade de transporte para o gás chegar da região produtora até a região norte do país. Assim que resolver isso, o gás poderá chegar à fronteira com a Bolívia e, de lá, circular através da malha já depreciada de gasodutos da Bolívia e o Gasbol, para chegar no Brasil. Estamos fazendo estudos e em agosto iremos para a Argentina para discutir isso tudo com uma visão comercial”, afirmou Jorge.

O Seminário de Gás Natural contou com o patrocínio master da Petrobras; o patrocínio platinum da Galp; o patrocínio ouro da Equinor, da Excelerate Energy, da PetroRecôncavo, da Repsol Sinopec Brasil e da Shell Energy; patrocínio prata da 3R Petroleum, da ExxonMobil e da Naturgy; e o patrocínio bronze do Faveret Tepedino Londres Fraga (FTLF), do Machado Meyer Advogados, do Mattos Filho, da New Fortress Energy, da NTS, da TAG e do TAGD Advogados. Além do apoio do Governo Federal, o evento ainda contou com o apoio institucional da ABAR, da ABiogás, da ABPIP, da ABRACE, da ABRACEEL, da ABRAGET, da ANP, da ATGÁS, da EPE, da Firjan, do Instituto de Energia da PUC-Rio (IEPUC) e da ONIP. Com parceria de mídia oficial da epbr, conta ainda com apoios de mídia da TN Petróleo e da Petro&Química.