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Programação do evento discutiu temas relevantes no congresso e eventos paralelos

 

Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2018 O primeiro dia da 19ª edição da Rio Oil & Gas debateu diversos temas que impactam a indústria, passando por gás natural, combustíveis, transformação digital, compliance e diversidade de gênero.

 

Gás Natural

O gás tem papel fundamental em um momento em que o mundo caminha para a transição energética. No Brasil, o gás natural terá uma oferta crescente com o avanço da extração do pré-sal e precisa de um novo marco legal para ampliar o mercado. Diante deste cenário, traçado no painel “Reforma e Reestruturação do Mercado Brasileiro de Gás Natural”, o secretário-executivo de Gás Natural do IBP, Luiz Costamilan, ressaltou que o país deve ter senso de oportunidade e criar, o mais breve possível, as bases para pavimentar a expansão desse novo mercado. O executivo defendeu que sejam adotadas “ações incrementais”, como o livre acesso às infraestruturas existentes, que não demandem mudanças legais.

Para fomentar o uso do combustível, Edvaldo Santana, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), defendeu a necessidade de medidas “infra legais”. “Precisamos destravar esse segmento e, já que não foi possível aprovar a Lei do Gás para Crescer, podemos avançar dessa forma”, afirmou. Marcelo Cruz Lopes, gerente-executivo de Gás da Petrobras, complementou com o argumento de que medidas como a adoção de preços comerciais (e não de entrada e saída) e a criação de um hub nacional não precisam de uma nova Lei do Gás.

 

Combustíveis

O comércio irregular de combustíveis e seus impactos também foi tema do congresso, em sessão especial sobre o tema. Segundo dados da Fundação Getulio Vargas, os prejuízos causados pela sonegação de impostos e inadimplência no setor de distribuição chegam a R$ 4,8 bilhões por ano no Brasil.

Na avaliação de Edson Vismona, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), a alta carga tributária no país é a principal causadora da ilegalidade.  Helvio Rebeschini, diretor de planejamento estratégico e mercado da Plural, destacou que um agravante é que o devedor contumaz tem o amparo da súmula 70 do Supremo Tribunal Federal. “Só em São Paulo as 20 principais empresas de distribuição acumulam R$ 20 bilhões em dívida ativa”, disse.

O juiz federal e vice-presidente da Ajufe, Flávio Oliveira Lucas, defendeu que o STF começou a olhar com outros olhos a situação dos devedores contumazes para distinguir situações díspares e reconheceu que o PL 284/17 foi um pontapé inicial importante para a mudança desse cenário.

Ainda com foco no downstream, o painel “Tempestade ao Mar – desafios e oportunidades com a nova especificação de combustíveis” debateu a mudança no mercado de combustíveis de navios, que terá menor teor de enxofre até 2020 para reduzir a emissão de poluentes.

Para Esa Ramasamy, diretor global de Estratégia de Produtos da S&P Global Platts, haverá um custo a ser pago por todos os consumidores do mundo, dada a relevância do transporte marítimo. “O combustível bunker com menor teor sulfúrico ficará 50% mais caro do que o atual e isso acarretará um alto impacto inflacionário”, afirmou, prevendo uma alta de R$ 1 trilhão nas mercadorias.

No entanto, há uma grande oportunidade econômica para o Brasil. Isso se deve porque o petróleo nacional, principalmente aquele do pré-sal, já possui baixos teores de enxofre. Além disso, o parque de refino da Petrobras tem sofisticação suficiente para produzir combustíveis qualificados para a nova regra. “Trata-se de uma disrupção do mercado de refino”, disse Guilherme França, gerente executivo de Marketing e Comercialização da estatal. Para ele, o impacto se assemelha à substituição do carvão mineral por derivados de petróleo no século XX. Nesse cenário, as refinarias brasileiras também podem atuar transformando derivados menos nobres, que deverão custar menos no futuro, em combustíveis mais nobres e caros.

 

Diversidade de Gênero

As discussões sobre diversidade de gênero e inclusão também foram incluídas na programação do primeiro dia da Rio Oil & Gas. Durante o painel “Diversidade de gênero agregando valor ao negócio”, executivos da indústria de petróleo e gás apontaram a importância de acessar os melhores talentos independentemente de gênero. “Trabalhamos em um setor altamente competitivo e com decisões difíceis a serem tomadas diariamente. Por isso, os tomadores de decisão precisam ser amparados por diferentes tipos de profissionais, pelos melhores talentos – é aí que entra a diversidade”, disse Sophie Zurquiyah, CEO da CGG.

Ingvil Smines Tybring-Gjedde, vice-ministra de Petróleo e Energia do governo da Noruega, também aposta na capacidade das mulheres. “Temos que desafiar os critérios estabelecidos pelos homens, pois quando eles estabelecem os critérios, escolhem homens. As mulheres têm tanta qualificação e capacidade técnica quanto os homens. Somos, na verdade, diferentes, mas é justamente isso que torna o assunto tão relevante no ambiente de negócios”, afirmou.

Uma questão prática desse aspecto foi apresentada por Doug Pferdehirt, CEO Global da TechnipFMC, e faz referência ao número de patentes preenchidas. “Somos uma empresa de tecnologia, e propriedade intelectual é um tema relevante para nós. Nesse sentido, uma observação pessoal que tenho feito é que o percentual de patentes preenchidas por mulheres vem crescendo mais rapidamente do que por homens”, explicou.

 

Tecnologia

Carros elétricos e autônomos, além de outras tecnologias cada vez mais baratas prometem fazer uma transformação profunda no setor de petróleo e gás. Diante deste cenário, discutido na sessão especial “Transformação digital no setor de O&G”, Severiano Macedo, assessor de transformação digital da Cisco, afirma que “nenhuma indústria está salva do digital e, logo, a de O&G cairá no olho do furacão também”. Para Simon Cushing, diretor de Pesquisa, Petróleo e Gás da Gartner, as possibilidades de adesão das empresas do setor são muitas, que vão desde a otimização à transformação completa: “90% das empresas de óleo e gás já têm alguma iniciativa digital”, revelou.

Com essas ferramentas em mãos, as decisões podem ser mais eficientes e mais rápidas. É o que defende Philippe Bize, líder da prática de energia da Accenture Brasil. “Nessa jornada, deve haver uma mudança cultural dos colaboradores e, para isso, é fundamental capacitar funcionários e abrir um ecossistema propício à inovação”, afirmou.

Esse “elemento humano” é uma das partes mais importantes para o vice-presidente de Supply Chain da Equinor, Mauro Andrade. Ele prevê que as transformações não chocam, mas são incorporadas ao dia a dia. “A indústria de O&G possui muitos sensores, que produzem uma grande quantidade de dados”, disse, destacando que o setor precisa aprender a processar toda essa informação e tirar valor dela.

Dentro da agenda de eventos paralelos, a Oil & Gas TechWeek abriu sua programação trazendo a discussão sobre as tendências da conectividade e seu papel na indústria de óleo e gás. Especialistas apresentaram soluções digitais para gargalos do setor, como o uso de sensores remotos em plataformas de petróleo, a coleta de dados climáticos e o controle de termostatos inteligentes por meio da Internet das Coisas (IoT).

O gerente de Solution Marketing e Business Development da Equinix, Wellington Lordelo, falou sobre a importância da interconexão na segurança da troca de dados e informações, um dos pontos de atenção da indústria de óleo e gás. A interconexão cria uma espécie de plataforma única, conectando de modo privado vários data centers espalhados pelo mundo e permitindo que essa troca de dados seja feita de forma direta entre as companhias.

Soluções digitais também foram debatidas na área de vigilância e segurança ambiental. A head global de Product Portfolio para a área de Oil & Gas da Indra, Estrella Jara, apresentou um sistema integrado para detecção precoce de vazamentos. Por meio de monitoramento automático de hidrocarbonetos, a solução é capaz de melhorar a detecção de vazamentos em 30% e reduzir os falsos alarmes em 75% em relação aos sistemas tradicionais.

 

Compliance

Tema que tem sido amplamente discutido em diversos setores da economia, o compliance foi debatido na Arena Valor do Conhecimento, dentro da programação de eventos paralelos. A sessão mostrou um cenário onde o setor de óleo e gás tem alto risco de corrupção, o que é comum em países em desenvolvimento. Por ser um setor sensível, exige programas de Compliance compatíveis com os riscos enfrentados.

“Houve um avanço na maturidade dos programas de Compliance nos últimos anos no Brasil, que começou, principalmente, com as empresas grandes. Porém, vemos a transmissão dos programas na cadeia, passando para as médias e pequenas empresas”, disse Thiago Jabor, advogado do escritório Mattos Filho.

Marlom Jabbur, líder da América Latina de serviços de integridade da Ernest Young, ressaltou que precisamos de menos entraves e menos oportunidade de pontos de corrupção, com um modelo mais simplificado.

A Rio Oil & Gas acontece até quinta-feira (27), com cinco blocos temáticos que tratarão de Exploração e Produção, Downstream, Gás e Energia, Abastecimento, Gestão da Indústria, e Tecnologias Digitais. Serão realizados paralelamente dez eventos, que reunirão especialistas em tecnologia, sustentabilidade, SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança), certificação, exploração, downstream e formação profissional.

A programação completa pode ser acessada no portal www.riooilgas.com.br ou pelo App, disponível para download na Google Play ou na App Store.

A Rio Oil & Gas 2018 é patrocinada pela Petrobras, BP, Modec, Shell, Suatrans, Total, Santander, Chevron, Dow Química, Equinor, ExxonMobil, Galp, Repsol Sinopec, Misc Group, PetroRio, BakerHughes, Braskem, Fluor, Ipiranga, Microsoft, Plural, Porto do Itaqui, QGEP, Raízen, S&P Global Platts Thomson Reuters, Sulzer, Rosneft, TBG, Vallourec e WeWork.