Setor O&G debate alinhamento ao Acordo de Paris e cooperação internacional na COP30
Em painel do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) nesta sexta-feira (14), líderes de associações globais destacaram que descarbonização exige ciência, coordenação e compromisso coletivo
Belém, 15 de novembro de 2025 – O papel da cooperação internacional e o avanço das práticas de descarbonização na indústria de óleo e gás foram os temas centrais do painel "Evolução da Energia - Como as Organizações Globais de Óleo e Gás estão alinhadas ao Acordo de Paris". O evento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), reuniu lideranças das principais associações mundiais do setor.
O debate foi conduzido por Roberto Ardenghy, presidente do IBP, que destacou a experiência histórica da indústria em processos globais de regulação ambiental, lembrando avanços como a eliminação dos CFCs e a regulação internacional do amianto, que só foram possíveis graças à combinação de ciência, governança multilateral e participação ativa do setor produtivo.
"Esses temas mostraram como a cooperação internacional funciona. A indústria esteve presente, contribuiu para soluções e os resultados aparecem até hoje. A descarbonização segue o mesmo caminho, exige ciência, coordenação e compromisso coletivo (mutirão)", afirmou Ardenghy.
A urgência em padronizar metodologias e ampliar a precisão dos inventários de emissões foi reforçada por Faye Gerard, diretora da IOGP. A executiva classificou a redução de metano como o passo mais imediato e de maior impacto para acelerar a transição energética no setor. "Sem métricas comuns não existe comparação nem transparência, e a adoção de ferramentas adequadas é essencial para reduzir riscos e elevar a eficiência", disse.
Irene Alfaro, representando a ARPEL, destacou os esforços da entidade de 60 anos para apoiar empresas na inclusão de riscos climáticos, físicos e de transição, em seus processos internos. "As nossas empresas estão compartilhando experiências e em especial nas incorporações de métricas da transformação", afirmou.
Já Lorena Pérez Bajo, da IPIECA, ressaltou o alinhamento setorial aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a capacidade técnica da indústria para acelerar sua contribuição, especialmente na mitigação.
O panorama foi reforçado por Bjørn Otto Sverdrup, chairman da OGCI, que ressaltou que iniciativas já reduziram o flaring (queima de gás) em 70% e vêm diminuindo as emissões de CO2 desde 2017. "Temos as práticas e a tecnologia. O desafio agora é chegar a 2030 ampliando o engajamento, especialmente de empresas de países emergentes", disse.
Já Chris Birdsall, Diretor de Economia e Energia da ExxonMobil, defendeu políticas públicas mais claras para destravar investimentos em baixo carbono e apontou a necessidade de nivelar sistemas regulatórios e integrar emissões às transações comerciais. "No futuro, preço e quantidade não bastarão. O carbono envolvido na produção será parte da conta", afirmou.
Para Ardenghy, ao reunir essas organizações, o IBP posiciona o Brasil no centro do diálogo sobre sustentabilidade. "A experiência mostra que quando ciência, política pública e setor produtivo trabalham juntos, o resultado aparece. É esse espírito de cooperação que queremos levar adiante", concluiu.