IBP debate cooperação internacional e descarbonização do setor de transporte
Presidente do IBP participa de discussão sobre cooperação internacional e ações para reduzir emissões no setor de transporte
Belém, 19 de novembro - Acelerar a descarbonização, com base na realidade atual da sociedade para a construção de um processo de transição energética justo e a redução de emissões no setor de transporte foram discutidos pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) nesta terça-feira, 18/11, na COP30, em Belém.
O painel “Assumindo Nossa Responsabilidade Compartilhada: Forjando um Futuro Verde e de Baixo Carbono”, realizado na EY House, reuniu especialistas do Brasil e da China para debater caminhos concretos para acelerar a descarbonização, com foco em tecnologia, cooperação internacional e responsabilidade climática no setor de energia.
O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, destacou que a transição energética precisa ser construída com base na realidade atual e não em expectativas simplificadas. Para Ardenghy “o grande equívoco que podemos cometer é acreditar em soluções simples para problemas complexos”. O presidente do IBP destacou também avanços recentes do setor no Brasil “reduzimos as emissões no setor de óleo e gás em 5,8 por cento de 2022 para 2023, ao mesmo tempo em que aumentamos a produção em 13 por cento”. Esse dado comprova que é possível avançar na oferta de energia enquanto se reduz a pegada de carbono, desde que se invista em soluções tecnológicas como CCS, florestas costeiras, manejo de manguezais e otimização operacional.
O painel contou também com a participação de Yeuhua Huang, presidente Brasil da CNOOC, que destacou o compromisso chinês com o pico de carbono antes de 2030 e a neutralidade até 2060, além de apresentar projetos que combinam captura de carbono, gás natural e energias renováveis. Para Huang, “o Brasil tem imenso potencial para eólicas offshore e a China está comprometida em cooperar com sua experiência para apoiar as metas nacionais”.
O consultor sênior da Transpetro, Newton Sobrinho, ressaltou que a transição energética deve preservar a infraestrutura construída nos últimos 170 anos e garantir empregos e crescimento econômico. “Precisamos preparar pessoas e empresas para a transição, sem destruir o que sustentou nossa economia por décadas”.
Já Rafael Tello, presidente global da Ambipar e moderador do debate, reforçou que “a confiança pública e a clareza das ações empresariais são fundamentais para consolidar avanços”.
Gerard Gallagher, líder de sustentabilidade da EY para a Europa, Oriente Médio, Índia e África, destacou o estudo do IBP sobre descarbonização, além da necessidade da “construção de um road map pragmático que coloque em prática todas as ideias já debatidas e mencionou que a integração tecnológica entre países é um pilar fundamental e que nesse sentido, publicações como a do IBP que reúne mais de 50 tecnologias para transição energética e descarbonização são fundamentais em um cenário que precisa considerar a mitigação completa das emissões de metano”.
Conexão Brasil x Itália
Já Brasil e Itália possuem grande potencial para impulsionar ações para a descarbonização do setor de transporte a partir dos biocombustíveis. No painel "The Brazil and Italy Connection through Biofuels for the Descarbonization of Hard-to-Abate Transport Sector", no Pavilhão Italiano da COP 30, o presidente do IBP destacou a oportunidade de alinhar capacidades tecnológicas, produtivas e logísticas entre os dois países. “O que discutimos aqui é a questão dos biocombustíveis e o papel que Itália e Brasil podem ter nesse setor. O Brasil é um grande produtor. A Itália apoia essa ideia de aumentar a produção de biocombustíveis para descarbonizarmos, especialmente nossa matriz de transporte”, afirmou Roberto Ardenghy.
Representante do governo italiano, Alberto Pella, do Ministério de Meio Ambiente e Segurança Energética, reforçou o compromisso da Itália com o avanço global dos biocombustíveis sustentáveis. “Para nós, o papel do sistema de biofuels é claro e pragmático. Eles têm função estratégica na aviação, no transporte marítimo e no rodoviário”, destacou.
Já David Chiaramonti, chair da Biofuture Platform, lembrou que a cooperação mostra resultados concretos por meio de estudos recentes da Agência Internacional de Energia (IEA) indicando que a cadeia global dos biocombustíveis está avançando para emissões negativas, com benefícios adicionais ao solo e ao uso da terra. “Os biocombustíveis sustentáveis são uma solução disponível agora, aplicável na infraestrutura atual, enquanto tecnologias como hidrogênio e amônia avançam no longo prazo. E o Brasil é o país mais importante do mundo nessa área”, afirmou.
A moderadora Helena Gressler, chefe da divisão de energia e mineração do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, destacou que o tema da sustentabilidade precisa ser entendido de forma integrada, considerando economia, meio ambiente e impacto social. “O biofuel não será solução para todos, mas é uma oportunidade concreta para muitos países. Nosso papel é compartilhar experiências e tornar visíveis os benefícios potenciais dessa agenda”, afirmou.