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A vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos pode afetar diretamente a matriz energética mundial. Com uma visão mais tradicional sobre o petróleo, o americano deve frear o crescimento das fontes renováveis, além de interferir na distribuição de gás natural em toda a Europa, a partir da sua relação com a Rússia. Essa é a visão do diretor de estratégia da Arko Consultoria, Thiago Aragão, que participou, no último dia 14, do Encontro Anual de Jovens Lideranças, promovido pelo Comitê Jovem do IBP, na sede do Instituto, no Rio de Janeiro, onde foram discutidos os impactos geopolíticos e no setor de energia diante da vitória do candidato republicano.

Para Aragão, o petróleo vai guiar a política externa americana e ditar o relacionamento de Donald Trump com países como a Rússia, China e Venezuela. “E qualquer mudança em relação aos acordos que já existem com a Rússia ou China muda completamente a maneira que o mundo está se portando ao longo dos últimos 20 anos”, alerta o consultor político.

Segundo Aragão, as energias renováveis devem perder espaço nos EUA nos próximos quatro anos. “Trump afirmou, inclusive, que vai retirar os EUA do acordo firmado na COP-21, em Paris. Escolhas como essa deixam claro que haverá um freio na área de renováveis e, com isso, o petróleo terá maior protagonismo”, avaliou.

O fornecimento de gás natural para a Europa também deve sofrer mudanças drásticas durante o mandato do republicano. Enquanto Barack Obama tentava enfraquecer o papel da Rússia como principal distribuidor de gás natural para o continente, a vitória de Trump deve fazer o movimento contrário. Com isso, a previsão é que o país comandado por Vladimir Putin amplie a oferta de gás de 25% para 50% nos próximos quatro anos para países da Europa.

Durante o evento, o consultor falou ainda sobre os conflitos entre os EUA e a China, o Irã e a Venezuela. No caso do Brasil, Aragão acredita que não haverá mudanças drásticas na relação diplomática entre os dois países. “Não vejo interesse dos EUA em modificar as relações com o Brasil, devido à burocracia do nosso país. Ao mesmo tempo, não acredito que haverá qualquer prioridade em relação ao Brasil sobre nenhum dos assuntos”, concluiu. No entanto, ele alerta: a tendência é que a América Latina se alinhe com diferentes potências, o que pode afetar a relação do Brasil com seus vizinhos.