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Importação de combustíveis e gargalos logísticos foram temas de debate

 

Rio de Janeiro, 26 de setembro – Nesta quarta-feira, as discussões sobre os rumos do setor de Downstream no país foi um dos destaques da Rio Oil & Gas. A importação de combustíveis e o desafio na regulamentação do abastecimento no Brasil foram alguns dos temas debatidos no Fórum de Downstream, que faz parte de um dos dez eventos paralelos da Rio Oil & Gas.

O ex-presidente do Cade, Gesner Oliveira, afirmou que o segmento de combustíveis convive com uma empresa dominante (Petrobras) o que, na sua avaliação, não representa um problema. “A situação, porém, demanda a necessidade de regras claras e transparentes”, sinalizou.

Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis (Abicom), afirmou que as empresas importadoras entraram no segmento de importação quando a Petrobras anunciou que não seria mais a única responsável pelo abastecimento do país. “A Petrobras se reposicionou e fizemos investimentos em terminais e as empresas passaram a atuar na importação”, disse Araújo.

O Fórum de Downstream também trouxe painel que discutiu medidas de incentivo à construção de dutos no país. José Mauro Coelho, diretor de estudos de petróleo, gás e biocombustível Empresa de Pesquisa energética (EPE), ressaltou que o Brasil tem aspectos que favorecem a movimentação de óleo e derivados por dutos, como a dimensão continental do país, a grande quantidade de refinarias na costa brasileira, o mercado consumidor espalhado pelo território nacional e o crescimento da demanda de derivados, principalmente diesel e querosene de aviação.

Já Leandro Barros, diretor de abastecimento da Plural, defendeu que a cadeia de downstream carece de um ambiente regulatório robusto que garanta a organização bem estruturada para a segurança de abastecimento e atraia investimentos. Para ele, existem quatro blocos principais que precisam avançar na questão da infraestrutura:  incentivo aos investimentos; aprimoramento regulatório; melhoria do ambiente concorrencial e planejamento logístico integrado. “É necessário a discussão integrada com agentes públicos na construção de um Plano de Ação factível e viável”, afirmou Barros.

 

Biocombustíveis

 Os biocombustíveis e os gargalos na cadeia logística também entraram na pauta do evento. Especialistas falaram do aumento de oferta de biocombustível e de suas consequências na logística. Segundo o sócio-fundador da consultoria Leggio, Marcus Delia, o estímulo à produção de biocombustível vai gerar um fluxo inverso de logística no setor de energia. “Atualmente, a grande demanda é levar derivados da costa para o interior. A produção de biocombustível e etanol abrirá uma forte demanda no caminho contrário: do interior para costa”, disse.

Já Carlos Octávio de Lima, gerente executivo de Suprimentos e Logística da Ipiranga, apontou as concentrações dos parques industriais – etanol, essencialmente no Centro-Sul, e biodiesel no Centro-Oeste – como mais um desafio da logística. “Se os investimentos acontecerem, se a nova Política Nacional de Biocombustível (RenovaBio) cumprir seu papel, teremos um aumento de 90% do fluxo rodoviário”, alertou.

 

Aceleração dos ciclos de negócios

 No setor de Exploração e Produção, o painel “Cadeias globais de valor e a nova realidade da indústria de petróleo e gás” foi liderado por executivos de grandes operadoras de petróleo. O presidente da ExxonMobil, Liam Mallon, apontou a colaboração como fator fundamental para dar velocidade ao setor.

“O primeiro alinhamento deve ser entre operadores e reguladores. O segundo, uma boa parceria entre as empresas que irão atuar. O terceiro, que tem sido o foco da ExxonMobil nos últimos anos, é a integração contratual com os fornecedores. Escolher fornecedores estratégicos é o caminho para eliminar o serviço refeito”, explicou Mallon.

Para o vice-presidente de Supply Chain da Equinor, Mauro Andrade, a digitalização faz parte de uma nova onda de melhoria do setor. E essa cultura deve ser compartilhada com os fornecedores. “90% dos custos da Equinor vão para fornecedores e apenas 10% são custos internos. Eles precisam ser partes integrantes do processo. A palavra de ordem é colaboração”, afirmou.

Já Felipe Arbelaez, presidente regional da América Latina da BP Energy, apresentou a transição energética como um dos desafios prioritários da companhia. “A economia de baixo carbono é uma demanda da sociedade. Vamos buscar mais energia, com menos custos e menos emissão”.

 

Pesquisa e Desenvolvimento

 O Brasil terá US$ 13 bilhões até 2030 em recursos obrigatórios de PD&I para alavancar inovações tecnológicas na cadeia de fornecedores do país, segundo afirmou o secretário-executivo de Exploração e Produção do IBP, Antonio Guimarães, que participou do painel “Perspectivas para o Setor de Óleo e Gás: Uma Janela de Oportunidade nas Cadeias Globais de Valor”.

Para Guimarães, o investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) consiste no “conteúdo local do futuro” e permitirá ao Brasil ser competitivo e integrar cadeias globais de valor na indústria de óleo e gás”.

Diretor de Operações da PetroRio, Roberto Monteiro disse que o país tem condições de suprir a demanda e citou os recentes investimentos da operadora em sua nova campanha de perfuração, que consumiu US$ 50 milhões. A empresa contratou fornecedores, muitos nacionais, para perfurar três poços, que adicionaram 3.500 barris/dia à produção do campo de Polvo, na Bacia de Campos.

 

Estabilidade econômica para o desenvolvimento

 A situação econômica do país também foi abordada nesta quarta-feira na Rio Oil & Gas. A secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, relatou que o Brasil enfrenta uma crise fiscal sem precedentes e que é importante traçar estratégias bem definidas para reverter o atual cenário. Vescovi participou de painel “Estabilidade econômica como pilar para desenvolvimento de indústrias estratégicas”. Ela defendeu o reequilíbrio das políticas públicas e o controle inflacionário para manter a economia do país saudável.

“Além disso, é preciso voltar a discutir uma reforma econômica eficaz, medida de grande importância para o ambiente fiscal”, acrescentou.

Na avaliação do ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Esteves Colnado, ainda existem desafios na situação fiscal do país, mas o avanço nas reformas estruturantes e microeconômicas precisam ser realizados.

Para Esteves, o cenário de incertezas nos ambientes interno e externo contribuem para a desvalorização cambial e aumento da taxa de juros real, gerando maior instabilidade econômica. O ministro disse, contudo, que a transição do governo está sendo feita de forma estratégica para que a nova administração.

 

Exposição

 Nesta 19ª edição, a exposição da Rio Oil & Gas reúne 400 empresas. A Petrobras trouxe jogos interativos que simulam uma corrida de Fórmula 1 e uma viagem submarina para conhecer as funcionalidades de cada equipamento utilizado na perfuração submersa. O visitante será transportado para uma viagem a aproximadamente 300km da costa, com lâminas de água superiores a dois mil metros. No estande, também há uma réplica em tamanho real de um dos carros da McLaren, escuderia parceira da companhia. 

A Shell criou painéis de discussão, em que temas relevantes sobre a companhia são abordados. No “Shell Talks”, os próprios funcionários são convidados para falar sobre diversidade e inclusão, startups ou como se tornar um fornecedor.

A ExxonMobil criou o Exxon Lab, com realização de mini cursos de design thinking e da metodologia Lean Six Sigma. A companhia trouxe também um simulador de realidade virtual para demonstração de um processo de perfuração em ambientes distintos, como gelo, floresta e montanha.

A Rio Oil & Gas continua termina nesta quinta-feira, dia 27 e é patrocinada pela Petrobras, BP, Modec, Shell, Suatrans, Total, Santander, Chevron, Dow Química, Equinor, ExxonMobil, Galp, Repsol Sinopec, Misc Group, PetroRio, BakerHughes, Braskem, Fluor, Ipiranga, Microsoft, Plural, Porto do Itaqui, QGEP, Raízen, S&P Global Platts Thomson Reuters, Sulzer, Rosneft, TBG, Vallourec e WeWork.