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Diante dos desafios impostos pelo novo coronavírus e pela queda do preço do barril, não há uma solução única, e garantir a competitividade do setor de óleo e gás depende de medidas transformacionais que vão desde um regime único nos leilões futuros até a otimização tributária. É o que defende Flávio Rodrigues, Diretor de Relações com o Governo e Assuntos Regulatórios da Shell Brasil, patrocinadora e expositora da Rio Oil & Gas.

Confira, a seguir, entrevista que o executivo concedeu, na qual fala sobre o cenário atual da indústria, pautas que devem ganhar proeminência em um dos maiores eventos de O&G da América Latina, bem como planos da operadora.

1- Em um momento de crise inédita como estamos vivendo agora, quais medidas devem ser priorizadas para manter a competitividade do setor de óleo e gás no Brasil?

Para o setor de óleo e gás, o momento é inédito, pois traz, ao mesmo tempo, os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus e a forte queda na cotação do barril. Para momentos tão complexos como o que vivemos, não há uma solução única, uma bala de prata. Acreditamos que medidas transformacionais serão necessárias para aumentar a competitividade do setor no país, como, por exemplo, a adoção de um único regime nos leilões futuros – concessão, a simplificação sem perder conteúdo técnico nos processos de licenciamento ambiental, a simplificação e otimização tributária e qualquer outro tema regulatório que melhore os termos e condições dos contratos. Em suma: tudo aquilo que possa tornar os contratos dos projetos no Brasil mais atraentes e competitivos sob o ponto de vista econômico.  Apesar de o barril produzido no Brasil, especialmente no pré-sal, ter um custo operacional unitário competitivo frente a outros países, diante da nova realidade do mercado, é imprescindível que o país consiga atrair o capital necessário para monetizar as reservas. Todos os operadores serão bem seletivos na alocação dos recursos, em função dos cortes globais de investimentos já anunciados. E jamais podemos perder de vista que a transição energética já está em curso globalmente.

2- O que representa um fórum de discussões como a Rio Oil & Gas para a indústria em um cenário como o atual? Quais temas de discussão dentro do congresso devem ganhar proeminência em um momento pós-pandemia?

Nós normalmente passamos meses nos preparando para a Rio Oil & Gas. Tradicionalmente, é um momento muito aguardado para uma reflexão sobre o mercado, uma ocasião em que conseguimos participar ativamente das discussões que movimentam nosso negócio, ver as novidades e inovações que prestadores de serviços brasileiros e internacionais estão trazendo. Diante dos desafios da mobilidade, deveremos ter uma nova versão da Rio Oil & Gas em 2020. Creio que, na edição deste ano, temas como o futuro do setor de óleo e gás pós-pandemia, de como será o “novo normal” para os players, digitalização, transição energética no contexto de uma pandemia e novas maneiras de se trabalhar serão de grande relevância para quem vive e acompanha o setor.

3- Atualmente, qual o foco da atuação da Shell no Brasil? Pode falar um pouco sobre os planos e prioridades da empresa no país?

Nossas prioridades, nestes tempos de pandemia, são seguir garantindo a saúde, segurança e bem-estar de nossos colegas, além de apoiar as comunidades, clientes, governos e a sociedade.  Outra prioridade é garantir a continuidade de nossos negócios, entregando produtos e serviços superiores que nossos clientes em todo o mundo precisam e esperam de nós. Temos ainda como foco reduzir gastos sem colocar em risco a segurança, a integridade dos ativos, ou ética e compliance.

Diante dos desafios, demonstramos poder de superação e atingimos duas conquistas que nos orgulham: atingimos o recorde de produção em nossos ativos operados em plena pandemia. Em exploração, concluímos as atividades de perfuração em Gato do Mato e Saturno, na Bacia de Santos.

4 – Qual você acredita que seja o papel do IBP, como representante da indústria de petróleo e gás, nesse momento de pandemia que estamos vivendo?

O IBP se consolidou como a casa da indústria e sempre frequentamos e participamos ativamente das discussões e propostas do setor. Nossa relação com o IBP, que sempre foi importante, fica ainda mais relevante num momento em que a indústria, como um todo, precisa se juntar e trocar melhores práticas e aprendizados e buscar soluções e propostas inovadoras. Muitos dos desafios que enfrentamos durante a pandemia são comuns a outras empresas do mesmo ramo. A troca de experiências é fundamental para fortalecer o setor e, neste sentido, os Comitês e Grupos de Trabalho do IBP garantem que estaremos todos na mesma página e, juntos, superaremos as adversidades impostas pelo novo coronavírus, além de ajudar os diversos tomadores de decisão a encontrar formas criativas de manter o setor de energia com vetor de desenvolvimento.