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Em evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), em parceria com a Deloitte, na última quarta-feira (7/03), importantes nomes da indústria apresentaram as perspectivas para o segmento Upstream na América Latina. Em um contexto global onde os preços começam a voltar ao padrão de US$ 60-70/barril, mas ainda há intensa volatilidade, e é preciso apostar na competitividade para crescer, os especialistas destacaram a importância do que vem sendo chamado de nova Revolução Industrial – ou Indústria 4.0 – para o setor.

Para se ter uma ideia da dimensão e da urgência da questão tecnológica, John England, Líder de Oil & Gas da Deloitte nos EUA e Américas, indicou as novas inovações em modelos de negócios liderados por tecnologia, como um dos quatro fatores presentes na lista de referência da consultoria para 2018 e os próximos anos. Outro fator da lista que também esbarra na transformação digital é a atração da indústria para os talentos da próxima geração.

“Ao atrair os Millennials, a indústria poderia impulsionar sua mudança para o digital? E mais: quão eficazes as empresas podem ser ao implementarem uma maior integração da inovação tecnológica digital no ambiente de O&G?”, questionou o executivo. “A nova Revolução Industrial está acontecendo agora, já vemos impactos e resultados desde um panorama mais macro, até situações de trabalho mais operacional e manual”, complementou.

Os custos e a disponibilidade da tecnologia também foram apontados por César Cunha de Souza, Gerente Geral SBS-DP&T-E&P da Petrobras, como um dos desafios da indústria. “O que está sendo chamado de Indústria 4.0 é um requisito de sobrevivência para o setor, uma oportunidade de trazer a indústria para patamares de custos extremamente competitivos”, afirmou.

O potencial do Brasil

De acordo com England, as Américas contêm um terço das reservas mundiais de petróleo. Com o pré-sal, o potencial de produção brasileiro aumentou significativamente e deu ao país a oportunidade de assumir a liderança tanto no desenvolvimento, quanto na aplicação de novas tecnologias.

“O pré-sal oferece um ambiente extremamente desafiador e não teria sido descoberto se a indústria de petróleo e gás brasileira não fosse inovadora. No entanto, o país ainda tem grande potencial e condições para desenvolver essa onda tecnológica offshore”, disse Jorge Camargo, Presidente do IBP. “Nos últimos dez anos, foram investidos mais de R$ 10 bilhões em PD&I no Brasil, sendo a maior parte desse valor destinada à construção de novos laboratórios. Por mais importante que seja a infraestrutura tecnológica, se investirmos de forma estratégica os recursos destinados a cláusula de P&D, o Brasil pode atingir outro nível no fornecimento de equipamentos nos próximos cinco a dez anos”, complementou.

A importância de o Brasil assumir a liderança tecnológica offshore se torna ainda maior, quando os demais países da América Latina entram em cena. “Nesse jogo competitivo, vai depender de quem aplica mais tecnologia para desenvolver mais rápido e melhor os campos de petróleo e gás”, defendeu John England.