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Rio de Janeiro, 26 de setembro – A velocidade de integração entre o físico e o digital nos negócios, nas empresas e na sociedade é a 4ª revolução industrial, na avaliação de especialistas que participaram nesta quarta-feira (26) da Rio Oil & Gas. “O fenômeno consegue ser ainda maior, mais intenso e veloz do que as três primeiras revoluções industriais”, pontuou o gerente setorial do Cenpes, Gustavo Levin. Mas, segundo ele, o setor de óleo e gás ainda tem muito o que avançar, já que apenas 19% do setor tem a indústria 4.0 maturada, enquanto a média de outros setores chega a 31%.

Na opinião do presidente e CEO da Siemens Brasil, André Clark, a indústria 4.0 tem provocado efeitos singulares e de grande impacto em vários outros segmentos e é possível usá-la no setor de óleo e gás. “Um exemplo clássico de grande eficiência são as digitalizações de FPSOs. Esse é um conceito ‘nascido-digital’, ou seja, que a empresa faz todo o projeto digital desde o início, criando o chamado ‘gêmeo digital’. Esse gêmeo digital se alimenta de dados da plataforma e cria um ciclo virtuoso de desenvolvimento rápido e acelerado”, afirmou Clark.

O sócio diretor da Deloitte, Ronaldo Fragoso, informou que a jornada digital ainda está no início no Brasil. De acordo com pesquisa da Deloitte, 44% do surgimento de novos produtos e serviços no país são gerados pela indústria 4.0. “As organizações terão que se preparar para esse novo ecossistema que envolve muita gente e trará muitos benefícios”, alertou.

 

Impactos na infraestrutura logística no Brasil

Em sessão especial sobre a expansão do mercado de combustíveis e a infraestrutura logística no Brasil, foram apresentados os impactos e gargalos existentes no cenário atual, que dificultam uma maior proximidade entre a oferta e a demanda no país. Um estudo apresentado por Ricardo Catran, diretor Superintendente da Ultracargo, destacou as medidas necessárias para atender o déficit na oferta de combustíveis e para impulsionar a importação. Catran sinalizou sobre a necessidade imediata de investimentos para aumento da capacidade de estocagem nos portos, representando um adicional de 1 milhão de mᶟ até 2030, sendo 25% até 2023. O valor previsto para uma nova infraestrutura chegaria a R$ 4 bilhões, aproximadamente.

Como reforço ao crescimento da importação de combustível, Ricardo Mussa, vice-presidente de Logística e Trading da Raízen, ressaltou a importância de retomar as atividades sem a intervenção do governo. Segundo Mussa, essa medida, tomada desde a greve dos caminhoneiros, contribuiu para aumentar a incerteza, reduzir os investimentos e inibir a livre concorrência. Ele defendeu, ainda, manter uma política de preço eficiente, com paridade internacional, para estimular um bom funcionamento do mercado e manter um ambiente favorável à realização de novos investimentos.

Já Felipe Cury, diretor da ANP, falou sobre importância da atuação conjunta para criar uma regulação que motive os investimentos necessários e o crescimento da demanda por combustível prevista para os próximos anos. Segundo dados da ANP, existe uma estimativa de investimento de 20 a 30 bilhões de reais, destinados exclusivamente a esta área. Cury destacou ainda que, dos 60 portos, só 16% estão habilitados e capacitados para importação, gerando um enorme gargalo para a indústria. “Enxergar o mercado que a gente realmente quer é o primeiro passo. Precisamos voltar à racionalidade e trabalhar com previsibilidade, pois não é possível precificar as incertezas. Só assim teremos um caminho concreto a nossa frente”, concluiu.

A Rio Oil & Gas 2018 é patrocinada pela Petrobras, BP, Modec, Shell, Suatrans, Total, Santander, Chevron, Dow Química, Equinor, ExxonMobil, Galp, Repsol Sinopec, Misc Group, PetroRio, BakerHughes, Braskem, Fluor, Ipiranga, Microsoft, Plural, Porto do Itaqui, QGEP, Raízen, S&P Global Platts Thomson Reuters, Sulzer, Rosneft, TBG, Vallourec e WeWork.