Notícias

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis (IBP), por meio do Comitê Jovem e em parceria com a KPMG, realizou na última quinta-feira, 19/07, a segunda edição da Rodada Jovem. O objetivo do evento era debater as expectativas de exploração e produção a partir dos impactos gerados pelos últimos leilões da ANP. Com a participação de executivos e especialistas, o encontro reuniu jovens lideranças da indústria para apresentar uma nova visão sobre o tema.

Os recentes leilões de blocos exploratórios representam a retomada do processo produtivo da indústria de óleo e gás no Brasil, o que só foi possível a partir de importantes mudanças realizadas nos últimos dois anos no ambiente regulatório. Por se tratar de um setor baseado no longo prazo, as novas oportunidades de investimento, geração de emprego e renda, arrecadação de impostos e fomento à pesquisa e inovação tecnológica podem parecer distantes do cidadão comum. Nesse sentido, durante o painel de abertura da Rodada Jovem, Antonio Guimarães, secretário-executivo de E&P do IBP, destacou que a sociedade brasileira passa por um momento em que se discute petróleo, mas pouco se entende.

“Nossa indústria é de especialistas e de alta tecnologia, então é preciso que os jovens se preparem. Hoje, produzimos quase três milhões de barris de petróleo por dia, mas com o potencial exploratório do Brasil, pode-se chegar a 5 milhões barris/dia, ou até mesmo seis. Imagina o quanto de investimento pode ser gerado, o quanto de mão de obra jovem, de altíssima capacidade, bem informados e formadores de opinião o País vai precisar?”, indagou Guimarães.

Para atingir o patamar atual de oportunidades, porém, a indústria de petróleo brasileira percorreu um período de desaceleração. “Passamos por uma tempestade perfeita, quando não havia oferta de blocos exploratórios, o mundo experimentava a queda drástica nos preços do barril de óleo e o país atravessava uma grave crise econômica. Se o setor global perdeu 35% dos investimentos, o Brasil perdeu muito mais, com o percentual podendo chegar a quase 60%”, ressaltou Antonio.

Vinicius Coimbra, analista de Planejamento da Repsol Sinopec e membro do Comitê Jovem do IBP, lembrou que as operadoras tiveram que reduzir custos, melhorar a eficiência e renegociar contratos com fornecedores, além de definir e priorizar os projetos a serem investidos. A partir das crises, porém, surgem oportunidades. “Cada empresa passou a escolher seus melhores barris e todo esse movimento foi de extrema importância para viabilizar o pré-sal a preços mais baixos”, acrescentou Coimbra.

Os fornecedores também passaram por uma fase de readequação do mercado, reduzindo custos, focando em soluções integradas e olhando a concepção do projeto como um todo. Segundo Elaine Favre, Supervisora de Planejamento da TechnipFMC, já é possível sentir a diferença da nova fase do setor. “Diferentemente do que acontecia no passado, quando fechamos um contrato para fornecer um determinado produto para as operadoras, hoje somos capazes de entregar um projeto de engenharia que engloba diferentes equipamentos. Isso cria um vínculo diferente, uma nova parceria com as empresas. Enquanto fornecedores, passamos a participar da criação, do desenvolvimento e da economicidade dos projetos”, destacou.

Marcelo Castilho, superintendente de Promoção de Licitação da ANP, ressaltou que o bom momento vivido pelo setor e o sucesso dos últimos leilões se deram por um alinhamento de forças entre os agentes da indústria, o que resultou em várias resoluções e diretrizes que passaram a ser refletidas nos editais e contratos da agência reguladora, aumentando assim a competitividade dos leilões e trazendo novos investimentos.

“Já temos garantidos bilhões de reais a serem investidos, no mínimo, pelos próximos 7 anos apenas com o programa exploratório mínimo, fazendo girar a cadeia de óleo e gás e garantindo a previsibilidade para os investidores e para a indústria de petróleo”, disse Castilho.

 

Oferta permanente

Às vésperas da apresentação oficial do edital e da minuta do contrato da oferta permanente de áreas, disponibilizados ao mercado na sexta-feira (20/07), o tema também foi abordado durante a Rodada Jovem, reforçando os benefícios gerados para outros segmentos da indústria. Para André Regra, assessor da Diretoria da ANP, em função das dimensões do pré-sal, a área tende a puxar os holofotes, deixando as reservas do onshore, por exemplo, fora do debate.

“Com a oferta permanente, queremos fazer uma revolução no mercado. Temos uma expectativa boa e esperamos destravar um setor que estava parado, mas não é um processo tão fácil quanto o pré-sal e o offshore, que também está contemplado na oferta permanente”, disse Regra.

Na mesma linha, Frederico Miranda, gerente de Exploração da Eneva, acrescentou a necessidade de “sairmos um pouco do offshore e começarmos a discutir também as oportunidades do onshore, que é capaz de girar economias regionais e gerar impactos positivos para o comércio local”.