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IBP reúne especialistas para debater os impactos da transição energética sobre o mix de energia no Brasil e no mundo

Criado em : 26 de setembro de 2019 | Atualizado em : 24 de setembro de 2019

Em parceria com a EPE, o evento contou com especialistas do setor, que debateram a necessidade de diversificar as fontes energéticas

 

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), promoveu na última quinta-feira (19/09) a terceira edição do Ciclo de Debates para a Transição Energética. Com foco nas perspectivas para a matriz energética brasileira e mundial, o evento reuniu especialistas do setor que abordaram os impactos da transição energética sobre as matrizes dos principais países do globo.

Durante a abertura, Milton Costa Filho, secretário geral do IBP, reforçou a importância do debate acerca do tema e ressaltou a necessidade de promover troca de conhecimento. “É fundamental criarmos uma janela de oportunidades para a indústria e trazer à tona uma carga de informações sobre o setor de renováveis, gerando assim soluções melhores para o Brasil”, disse.

O avanço da discussão sobre transição energética está no centro das decisões da indústria global de energia. Segundo o professor adjunto do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar Almeida, o caminho mais viável para minimizar os impactos do aumento da temperatura global é a redução das emissões. “Para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável, é necessário reverter a história da relação entre crescimento econômico, demanda de energia e emissão de CO2. Para isso, precisamos consumir menos energia fóssil, reduzir o consumo de emissão e diminuir a intensidade de energia na economia”, explicou.

Ainda de acordo com o professor, o Estado e as empresas do setor têm um papel importante na transição energética. “A palavra de ordem é mudança, e mudança é inovação. Portanto, é preciso pensar e investir em P&D nos setores de energia. As empresas têm que se comprometer em adaptar-se ao contexto de transição, investir em inovação, aumentar a coordenação e ter um alinhamento com os stakeholders na construção de uma visão de futuro na elaboração de políticas setoriais. Por outro lado, o papel do Estado é reduzir os riscos em P&D, estar alinhado a essa visão de futuro e fortalecer os sistemas nacionais de inovação”, completou.

De acordo com Giovani Machado, diretor de estudos econômico-energéticos e ambientais da EPE, a transição energética é um processo lento e de longa duração, mas o Brasil tem a vantagem de um processo acelerado de novas tecnologias de produção, além de contar com uma matriz energética renovável que será predominante nos próximos anos. “O Brasil está muito bem posicionado quando o assunto gira em torno de alternativas e soluções para a transição”, afirmou. “É importante notar que a transição é um processo que tem foco na relação entre fonte e conversor energético. As novas fontes renováveis, como energia eólica e solar, têm um papel fundamental na busca de segurança energética, porém elas são fontes não despacháveis. E como se firma energia das novas fontes renováveis e não despacháveis? As duas grandes apostas dos Estados Unidos e da China, por exemplo, são o gás natural e as baterias, respectivamente”, comentou.

Os especialistas discorreram ainda sobre o cenário energético no Brasil. Segundo Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica, as fontes eólica e solar são protagonistas nesse processo de transição. “O futuro energético do Brasil é limpo, renovável, competitivo e livre de subsídios”, frisou.

Já o gerente geral de comercialização de gás natural e GNL da Petrobras, Alvaro Tupiassu, reforçou a importância do gás natural no país, que passa a ser o foco da indústria de energia brasileira. “A Petrobras permanece forte e disponível para o setor de energia, com foco de investimento nos ativos do pré-sal”, enfatizou.

Para o vice-presidente do conselho de administração da ABSOLAR, Marcio Trannin, o Brasil tem a capacidade de unir tecnologias, projetos híbridos e está engajado em manter uma matriz energética equilibrada. “Precisamos nos apoiar no equilíbrio entre os insumos de gás, óleo e solar, especialmente nesse momento em que o segmento solar ainda se consolida no país. Já tivemos provas de que o setor privado tem apetite para investir no Brasil”, finalizou.

Por fim, os especialistas debateram sobre a necessidade das matrizes energéticas combinarem diferentes fontes renováveis, sem o protagonismo de um único insumo energético. A palavra de ordem é diversificação, que leva ao atendimento da demanda e a segurança energética. O Brasil tem uma janela para se beneficiar nesse sentido, já que há um crescimento previsto para os próximos anos e uma perspectiva de aumento da produção de gás, que poderá assumir um papel de relevância nesse processo.

 

A próxima edição do Ciclo de Debates para a Transição Energética está marcada para novembro e abordará o futuro da energia.