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No evento em parceria com a EPE, agentes do setor reforçam os diferenciais competitivos do Brasil em renováveis

 

O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), promoveu na última quinta-feira (25/04) a primeira edição do Ciclo de Debates para a Transição Energética. Com foco na transição para uma economia de baixo carbono, o evento reuniu especialistas para debater dois dos principais desafios globais da atualidade: o panorama da transição energética e a geopolítica da energia. Para José Firmo, presidente do IBP, discussões desse tipo criam oportunidades para o setor.

“Da mesma forma que o Brasil decidiu estrategicamente abrir o mercado de exploração e produção, que trouxe resultados significativos, precisamos, enquanto país, debater a inserção do gás natural na matriz energética. O Brasil ainda não encontrou um modelo eficaz para que o gás também seja usado como combustível”, afirmou Firmo. “Temos uma oportunidade, porém, de aproveitar o gás associado a ser produzido nos próximos cinco anos, por exemplo, para a reindustrialização do Brasil”, complementou.

O contínuo crescimento da produção de petróleo no Brasil reforça essa oportunidade. Segundo o diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, José Mauro Coelho, a produção de petróleo brasileira dobrará nos próximos anos, alcançando 5 milhões de barris diários em 2030. “A expectativa é que o Brasil exporte cerca de 3 milhões de barris diários de petróleo no fim da década. Mas por outro lado, também temos um diferencial competitivo em biocombustíveis. A produção de etanol deve crescer, atingindo 49 bilhões de litros por ano em 2030, ante os atuais 34 bilhões de litros. Assim como a produção de biodiesel aumentará, passando de 5,4 bilhões de litros para 11 bilhões de litros”, explicou Coelho.

Ainda que o movimento de transição energética se dê de forma lenta, ao longo de muitos anos, o Brasil tem a vantagem de já contar com uma matriz energética renovável. De acordo com Luiz Augusto Barroso, presidente da consultoria PSR, os pilares de renovabilidade da matriz nacional – hidrelétrica, eólica e solar – se complementam e formam um portfólio diferenciado do restante do mundo. “A base da nossa matriz energética é a meta que muitos países sonham em alcançar em anos. O grande desafio nesse momento é encontrar modelos de negócios, de financiabilidade e de regulação para a transição energética”, disse Barroso.

Já Alexandre Szklo, professor-associado do programa de planejamento energético da COPPE/UFRJ, acredita que o Brasil tem grandes vantagens competitivas em relação a outros mercados, mas que o papel do país nessa transição energética mundial passa pela necessidade de ser ter políticas de Estado para o setor, e não de governo. “Temos uma matriz energética com grande potencial. Só precisamos traçar o caminho para onde precisamos e queremos chegar”, pontuou Szklo.

 

Iniciativas do mercado

As empresas do setor de petróleo e gás já vêm se preparando para a transição energética, investindo em outras fontes além do petróleo e se posicionando como companhias de energia. Segundo Flávio Rodrigues, diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da Shell, o investimento anual da petroleira é de cerca de US$ 25 bilhões, sendo que aproximadamente US$ 2 bilhões são destinados a novas energias.

Para o executivo a principal competência necessária para que as empresas originalmente de petróleo e gás se tornem mais completas é o entendimento da realidade local. “A partir da capacitação de pessoal para um maior entendimento de questões como a regulação e mercado locais é possível tomar decisões mais assertivas”, garantiu Rodrigues.

A próxima edição do Ciclo de Debates para a Transição Energética, em junho, abordará a questão das mudanças climáticas. No total, serão cinco encontros ao longo do ano focados nos desafios da transição.