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Os desafios e particularidades do redesenvolvimento de campos maduros foram o tema da última edição de 2020 do Fora de Hora, série de webinars do Comitê Jovem do IBP. A transmissão foi realizada no dia 16 de dezembro e teve a participação de Vanessa Arivabene, engenheira de poços na PetroRio e membro do Comitê. O conteúdo está disponível na íntegra no canal do IBP no YouTube.

Segundo dados apresentados por Vanessa, o fator de recuperação de campos maduros brasileiros tem uma média de 19%, enquanto, no mundo, esse percentual é de cerca de 35%, o que pode indicar oportunidades de aumento dessa taxa no país. Ainda fazendo uma comparação, ela mostrou que o Brasil tem cerca de 200 campos que produzem há mais de 25 anos e apresentam produção em declínio, demonstrando o quanto o pensar no redesenvolvimento desses campos é importante para o país. E, segundo um relatório da consultoria americana IHS Cambridge Energy Research Associates, cerca de dois terços da produção diária de petróleo no mundo vêm de campos maduros.

Ela ainda chamou atenção para a diferença do cálculo do breakeven – o ponto de equilíbrio – nas operações em campos maduros. ”Hoje, o grande objetivo dos campos maduros é exatamente postergar esse breakeven. Se eu, de alguma forma, aumento as receitas ou reduzo os custos, vou afastando esse ponto de equilíbrio e, também, a data de abandono e o limite econômico de fato desses campos”, afirmou.

Como os campos revitalizados já passaram do pico de produção, daí a relevância de se investir no redesenvolvimento, Vanessa reforçou a importância da análise prévia dos reservatórios e de aplicação de tecnologias que levem às melhores locações para perfuração de novos poços. Há ainda a necessidade de atentar à linha tênue da viabilidade econômica dos projetos, já que os volumes incrementais obtidos não serão tão altos quanto os do pico de produção.

Algumas estratégias que ela citou para viabilizar o breakeven do ponto de vista de otimização dos custos são os incentivos governamentais, por meio de extensão de contratos e adaptações regulatórias, por exemplo; e otimização de infraestrutura ociosa e compartilhamento de custos operacionais com outros campos – maduros ou não -. A engenheira de poços também destacou a redução de custos nas operações de campo, seja através de aplicação de tecnologia ou processos de trabalho mais eficientes, que tragam processos mais ágeis, tomada de decisão mais rápida, além de renegociação e novos modelos de contratação.

“Essa questão de encontrarmos novos modelos de contratação é a chave para redesenvolver campo maduros. Precisamos, de fato, pensar fora da caixa”, ela defendeu, inclusive como uma oportunidade para estudantes e jovens profissionais.

Como principais desafios para a revitalização, Vanessa apontou a integridade dos poços e da estrutura, já que os campos estão em produção há décadas, o que leva à obsolescência dos equipamentos. Isso acaba reforçando o processo de mudança nos ativos. “Precisamos refletir sobre o que as operadoras estão fazendo para garantir que vamos conseguir operar em condições seguras nessas unidades que foram projetadas para operar por 25 anos e estão, agora, operando por 35 por conta das medidas de redesenvolvimento. Se a gente estender a vida no campo, precisamos estender a vida dos nossos equipamentos”.

A engenheira ainda abordou o cenário dos fornecedores dos campos, reforçando a importância da parceria entre eles e os operadores.

“Fornecedores que trabalharam no desenvolvimento desses campos têm, agora, a oportunidade de trabalhar no redesenvolvimento, consertando erros, implementando as lições aprendidas e trazendo conhecimento técnico. Acho uma super oportunidade, mas, ao mesmo tempo, ainda acho que a gente tem soluções pouco customizáveis para os campos maduros”, avaliou, destacando também um cenário cada vez mais forte para a entrada de novos fornecedores no mercado de campos maduros.

Por fim, ela abordou os cuidados na etapa de abandono e seus desafios operacionais. Por ser uma área recente no Brasil, Vanessa salientou que a presença de fornecedores, os recursos e o conhecimento técnico sobre o tema ainda não estão amadurecidos no mercado nacional.

O webinar foi o último do ano da série do Fora de Hora. Acompanhe as demais atividades do Comitê Jovem do IBP aqui.