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O desenvolvimento do mercado de carbono é uma oportunidade para o Brasil contribuir com a transição energética, gerando valor para toda a sociedade, além de ampliar a inserção internacional do país. A constatação é de especialistas que na última terça-feira (7/6), participaram do evento ‘Tudo que você sempre quis saber sobre o mercado de carbono, mas tinha medo de perguntar’, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho.

Nesse contexto, a indústria de óleo e gás tem muito a ajudar no estabelecimento desse mercado. “O setor de óleo e gás já possui uma experiência exitosa, que é o Renovabio, o mercado de créditos do segmento de combustíveis. Um dos pontos apoiados pelo IBP é que a transição de baixo carbono seja considerada na tomada de decisão de todos os agentes que fazem parte da economia brasileira para, com isso, contribuir com o desenvolvimento robusto dos mercados voluntário e regulado de carbono do país, e que garanta a integridade dos créditos” disse Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do IBP e moderadora do evento.

Para Ronaldo Seroa da Motta, professor de Economia da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), “o Brasil tem uma capacidade enorme de cumprir compromissos e ainda gerar excedentes [de créditos e carbono] para o mercado externo”. “Mas, para isso, tem que ocorrer uma distribuição de ações entre os setores da economia. Não é possível esquecer a importância do setor de óleo e gás, por conta da relevância do gás natural na transição energética”, acrescentou.

Segundo o especialista, se o Brasil acabar com o desmatamento ilegal, o esforço dos demais setores, como o de energia, para atingir a meta Net Zero será minimizado.

Por conta da sua matriz energética, que possui alto índice de fontes renováveis, o Brasil é considerado um ofertante global de crédito de carbono. De acordo com os especialistas, o país possui todos os elementos para ser um player relevante no cenário global de redução de emissões.. Uma série de princípios vêm sendo discutidos pelos agentes econômicos e pelo Congresso para garantir a qualidade do crédito de carbono brasileiro. Essa discussão é importante, porque dela depende a forma como os créditos brasileiros serão percebidos internacionalmente.

“Nós queremos que o crédito gerado no Brasil seja percebido como de altíssima qualidade. Isso é um ativo de valor que o país tem condição de gerar”, destacou Monique Gonçalves, gerente sênior de Relações Corporativas e Regulatórias da Shell Brasil.

A matriz energética brasileira, de base prioritariamente renovável, garante vantagem ao país. A lacuna, do ponto de vista ambiental, está no desmatamento ilegal. Nesse contexto, empresas, estados e os profissionais implementadores de projetos devem se unir para avaliar as dificuldades e realizar atividades de preservação das florestas e geração de créditos de carbono, disseram os palestrantes.

“Assim, atacaremos um dos maiores problemas do Brasil em relação às emissões, um dos principais compromissos do país, que é zerar o desmatamento ilegal até 2028, o que vai tirar um peso do setor energético. A gente, como empresa, está inserido nessa discussão”, avaliou Maria Izabel Ramos, gerente de Mercado de Carbono da Petrobras.

As mudanças climáticas ainda geram impactos sociais, por isso, solucionar o problema é também uma questão de justiça climática, um conceito muito discutido na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021).

“Como apoiar as questões de mudança climática cobrindo os impactos indiretos no universo social? Governança é o grande guarda-chuva. Isso significa que o ‘como a gente vai fazer’ é de grande relevância. A questão do ‘se vai fazer’ já é página virada”, afirmou Lígia Camargo, gerente de Sustentabilidade, Impacto Social e ESG (meio ambiente, social e governança, na siga em inglês) do Grupo Ultra.