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Já é possível ser mais sustentável pelo celular. Foi apresentado no quarto dia da O&G TechWeek – evento brasileiro pioneiro promovido pela indústria focado em tecnologia e tendências para o futuro do setor de óleo e gás, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro – um aplicativo que permite ao usuário escolher uma fonte de energia renovável para carregar seu smartphone.

O carregamento é feito com Certificados de Energia Renovável disponibilizados pelo Instituto Totum, que faz a gestão do Programa de Certificação em Energia Renovável, criado pela ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) e pela Abragel (Associação Brasileira de Energia Limpa). Após fazer o cadastro, o consumidor pode optar entre energia eólica, solar, biomassa e hídrica. O Ziit já tem mais de 2 mil usuários cadastrados e 387 mil watts contabilizados. O app está disponível gratuitamente para Apple e Android.

Elba Gannoum, presidente da ABEEólica, disse que neste momento de transição da matriz energética, o Brasil deve pensar em uma espécie de “coopetição”. “A palavra de ordem, principalmente no Brasil, pela riqueza de recursos renováveis e não renováveis é coopetição: competir e cooperar. É isso que o Brasil tem que pensar em termos de matriz energética futura, uma combinação.”

Para Suzana Kahn, professora da COPPE/UFRJ, as tecnologias novas sempre têm um custo alto, mas é preciso começar já. “As tecnologias disruptivas precisam ser complementadas por novos modelos de negócios e isso significa toda uma nova regulamentação. Rupturas tecnológicas demoram um tempo e para que a gente se beneficie desse futuro, os países tem que começar agora.  Algumas rupturas que são iminentes estão acontecendo em setores cruciais não só no Brasil como no mundo. Alguns deles são o transporte e a mobilidade urbana, a biomassa e os biomateriais para o setor de construção civil, que também demanda muita energia”, disse.

Nesse contexto, o gás é um elemento de transição para uma energia limpa. De acordo com Carlos Alberto Halembeck de Assis, sócio líder do segmento de energia da EY, o Brasil tem muito potencial, mas precisa ter novos players e ver as oportunidades de negocio que vão surgir com as novas tecnologias, como o blockchain.

“O Brasil é um mercado nascente, de rápido crescimento, que tem tudo para se estabilizar. Como foi com Galileu e Darwin, estamos chegando a um ponto de transição, a uma nova forma de pensar por causa da tecnologia. É uma disrupção.  Nesse contexto, o gás vem se tornando mais viável e limpo e terá um papel importante até chegarmos a um novo modelo. O desafio são as possíveis fontes de investimento, que precisamos fomentar, e o surgimento de novos players.”

Emmanuel Delfosse, diretor de gás da ENGIE Brasil, mostrou o projeto de medidores de gás inteligentes, que está em curso na França. O sistema transmite informações sobre consumo de energia em tempo real. Entre os objetivos estão o aumento da eficiência energética e a melhora da gestão de energia, além da otimização da rede de distribuição.

Considerando uma economia de energia de apenas 1,5%, o projeto é extremamente rentável para a sociedade (€ 835 milhões, o equivalente a R$ 3,2 bilhões) e visa beneficiar 11 milhões de consumidores até 2022. No projeto-piloto, que começou em dezembro de 2015, já foram implementados 150 mil medidores em um ano, em 24 cidades francesas, e 400 concentradores em todo o país. Segundo ele, o investimento de € 1 bilhão será pago pelo consumidor e a tecnologia foi importante para manter o custo dentro dessa faixa.

Ideias inovadoras

Junto com a O&G TechWeek, o IBP e a Fábrica de Startups – uma das maiores aceleradoras europeias, sediada em Portugal – lançaram o Ideation. Com um caráter prático, o projeto visa gerar ideias inovadoras para o setor de óleo e gás. Durante essa semana, os participantes buscam identificar os principais desafios do setor de óleo e gás para colocar em prática os projetos e ideias mais disruptivos.

Surpreendentemente, o programa recebeu o triplo de inscrições do que a capacidade do evento permitia, e os inscritos foram de áreas muito variadas. “O Ideation tem como objetivo fomentar o espírito empreendedor no setor de óleo e gás. Buscamos pessoas com diferentes capacidades para criar soluções digitais e inovadoras, capazes de reduzir, por exemplo, o tempo de paradas programada das plataformas”, explicou Hector Gusmão, CEO da Fábrica de Startups para o Brasil.

O projeto escolhido vencedor do Ideation será escolhido nesta sexta-feira (25), ao final do processo, e será incubado pela Fábrica de Startups.

A O&G TechWeek se encerra nesta sexta-feira (25) e é patrocinada pela Petrobras, Governo Federal, Repsol Sinopec Brasil, Shell Global Solutions, Aker Solutions e Deloitte.