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Pressão inflacionária, juros altos e incertezas globais pontuam o cenário econômico, que se mostra desafiador para o país. As conclusões foram extraídas de um encontro organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), nesta terça-feira (7/2), que contou com a participação da coordenadora do Boletim Macro FGV/IBRE, Silvia Matos, do pesquisador associado do FGV IBRE, Samuel Pessoa e a moderação da diretora-executiva corporativa do IBP, Fernanda Delgado.

Os pesquisadores analisaram as perspectivas macroeconômicas neste início de mandato do novo governo Lula, assim como o cenário do setor de óleo e gás – que terá papel importante nas divisas do país. Até 2030, a produção brasileira de petróleo deverá saltar de 3,5 milhões para 5,2 milhões de barris por dia. “Isso tudo entra na balança comercial do país, isso tudo é receita para o Estado”, reforça a diretora-executiva Corporativa do IBP, Fernanda Delgado.

A pesquisadora do FGV/IBRE, Silvia Matos, avalia que, junto com o agronegócio, o setor de energia deverá ser um dos principais puxadores do crescimento. Silvia Matos destacou, porém, que o país ainda convive com os reflexos do choque inflacionário dos últimos anos, consequência da crise sanitária global, e da tentativa de segurar os preços administrados durante o processo eleitoral de 2022. Para ela, o mercado agora aguarda maiores sinalizações do governo sobre os rumos da política econômica e, principalmente, sobre como a questão fiscal será equacionada. “Não sabemos quais serão os resultados. O momento é de precificação em cima das novas perspectivas de inflação, dos juros”, resume a pesquisadora. No entendimento da coordenadora do IBRE, se o governo se comprometer com as políticas de ajuste fiscal em 2023, é possível que o país volte a crescer já em 2024. Mas essa jornada não deverá ser fácil. E não apenas pela falta de consenso político sobre quais caminhos seguir.

A conjuntura externa também é bastante adversa àquela vivenciada no primeiro mandato do presidente Lula. O pesquisador do FGV IBRE Samuel Pessoa explica que a economia americana já opera com juros real na casa dos 4% e é provável que entre em recessão até o fim do ano, com pressão inflacionária no setor de serviços. A Europa deverá passar pelo mesmo processo. O contraponto seria a China, que recentemente reabriu a economia ao abandonar a política de “COVID zero” por pressão popular – o que deve manter o preço das commodities aquecido. Para o pesquisador, neste ponto, “o mundo está nos ajudando”.

A gravação completa do evento pode ser acessada no YouTube do IBP. Acesse aqui.

Já o e-book especial sobre a última edição que contou com as discussões sobre o setor energético, os quais efeitos a guerra na Ucrânia deixará na agenda de descarbonização e em que medida a valorização da segurança energética provocada pelo conflito afeta as posições de Estados Unidos e China no atual contexto de aumento da polarização entre as duas potências mundiais, pode ser baixado aqui.